Jornal Estado de Minas

Após dia tenso, leitura de relatório encerra primeiro dia de julgamento do mensalão

Marcelo Ernesto - Enviado especial a Curitiba
O primeiro dia do julgamento do processo do mensalão, considerado o maior caso a passar pelo crivo do Supremo Tribunal Federal (STF), foi marcado por clima tenso e bate boca entre os ministros e tentativa de manobra dos advogados de defesa. O pedido feito ex-ministro da Justiça e advogado de defesa de um dos réus, Márcio Thomaz Bastos, que solicitou o desmembramento do processo, esquentou as discussões na corte. O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, discutiu com Ricardo Lewandowski, ministro revisor, sobre a questão e, em alguns momentos, precisou da interferência do presidente do STF, ministro Ayres Britto, para acalmar os ânimos. Ao final, por nove votos a dois, os ministros decidiram por manter todo o processo na corte. A sessão será retomada nesta sexta-feira, ás 14hs.
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O debate em torno do assunto durou toda a tarde e comprometeu o cronograma estabelecido para esta quinta-feira. A previsão inicial era que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel - que terá cinco horas para fazer a acusação -, começa a sua fala nesta quinta-feira. Mas como os debates em torno do pedido de Bastos duraram cerca de 3h30, Gurgel só falará nesta sexta-feira. Já a defesa só poderá se manifestar a partir da próxima segunda-feira.

Antes do ministro Joaquim Barbosa passar para a leitura do relatório, os advogados de defesa tentaram mais uma manobra que foi impedida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ayres Britto. Ele impediu que o advogado Alberto Toron fizesse uma nova questão de ordem no julgamento do mensalão. Toron queria questionar novamente o tribunal sobre o uso de elementos audiovisuais nas sustentações dos advogados. O STF negou esse pedido nessa quarta-feira.

Toron queria retomar a questão porque a decisão foi por 5 a 4, mas dois ministros não votaram. Ele acreditava que o resultado pudesse ser revertido. Britto o interrompeu, disse que a questão já foi decidida e deu a palavra ao ministro Joaquim Barbosa, que fará uma leitura de um resumo de seu relatório.

No relatório, Barbosa destacou o esquema que teve inicio em durante as eleições presidenciais de 2002 e entrou em operação na prática a partir de 2003. Na época, José Dirceu era presidente do PT e coordenador da campanha presidencial do partido, diz o ministro. Segundo o relator, ele é acusado de chefiar a quadrilha que tinha objetivo de comprar o apoio político de outras legendas e financiar campanhas eleitorais do PT. Dirceu deve responder por formação de quadrilha e corrupção ativa, o que pode dar a ele até 15 anos de prisão

Com informações do Correio Braziliense