Natural
A passos lentos, mas seguro em seus 77 anos, a beca de sempre pendurada no braço direito, o ex-ministro da Justiça do governo Lula deixou o plenário do Supremo às 18 horas, quando o presidente da Corte abriu intervalo de meia hora.
Marcado de perto pelos jornalistas, cortejado pelos bacharéis, deu a volta no edifício e caminhou até o Anexo I. “Aqui tem uma lanchonete, preciso comer um sanduíche. Até logo.”
A meta era alcançar a prescrição com o pedido de desmembramento dos autos?, lhe foi perguntado. “Não, nem um pouco. O que eu disse na sustentação é verdade, se manda isso para um juiz (de primeiro grau) é capaz de ele julgar mais depressa do que uma Corte.”
Relata que levou ao STF cópias do memorial - peça final - com as ponderações acerca do Pacto de San José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário, que garante ao acusado duplo grau de jurisdição. “Foi no fim do ano passado, entreguei para alguns pessoalmente. Senti alguma receptividade. Eu acho que tenho razão nesse caso.”
A quais ministros entregou? “Entreguei para alguns, para a Rosa (Weber), o ministro Marco Aurélio, (Luiz) Fux.” Decepcionado com o resultado? “Não, eu tinha poucas esperanças. Mas achei que devia colocar (a questão de ordem) porque é um tema importante para a Corte, não é? Ela é a guardiã da Constituição.”
Com habilidade, não alimentou o entrevero entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski. “É natural.” Evitou polêmica sobre o impedimento do ministro Dias Toffoli. “Ele votou (a questão de ordem), ninguém arguiu (suspeição). Não vejo mais condições para que se levante a suspeição. Ele (Toffoli) já tinha votado antes questões de ordem. Acho que acabamos com essa demanda.” Bom que Toffoli prossiga? “Não sei, vamos ver com o voto dele”, respondeu, com um largo sorriso.