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Estado de Minas

Ex-ministro da Justiça é cortejado no julgamento do mensalão


postado em 03/08/2012 08:31

Autor intelectual da tese de que o mensalão foi apenas uma operação de caixa dois eleitoral - e não compra de apoio político - e artífice da tentativa de desmembrar o processo de mensalão que retardaria o julgamento, o advogado Marcio Thomaz Bastos foi a estrela na inauguração do julgamento do caso nessa quinta-feira.

Exibiu carisma, foi reverenciado pelos ministros da Corte e idolatrado pelos colegas defensores. Perdeu a primeira batalha - a questão de ordem pela separação dos autos do mensalão. Mas acirrou os ânimos e criou cizânia entre o relator e o revisor do caso.

Natural

A passos lentos, mas seguro em seus 77 anos, a beca de sempre pendurada no braço direito, o ex-ministro da Justiça do governo Lula deixou o plenário do Supremo às 18 horas, quando o presidente da Corte abriu intervalo de meia hora.

Marcado de perto pelos jornalistas, cortejado pelos bacharéis, deu a volta no edifício e caminhou até o Anexo I. “Aqui tem uma lanchonete, preciso comer um sanduíche. Até logo.”

A meta era alcançar a prescrição com o pedido de desmembramento dos autos?, lhe foi perguntado. “Não, nem um pouco. O que eu disse na sustentação é verdade, se manda isso para um juiz (de primeiro grau) é capaz de ele julgar mais depressa do que uma Corte.”

Relata que levou ao STF cópias do memorial - peça final - com as ponderações acerca do Pacto de San José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário, que garante ao acusado duplo grau de jurisdição. “Foi no fim do ano passado, entreguei para alguns pessoalmente. Senti alguma receptividade. Eu acho que tenho razão nesse caso.”

A quais ministros entregou? “Entreguei para alguns, para a Rosa (Weber), o ministro Marco Aurélio, (Luiz) Fux.” Decepcionado com o resultado? “Não, eu tinha poucas esperanças. Mas achei que devia colocar (a questão de ordem) porque é um tema importante para a Corte, não é? Ela é a guardiã da Constituição.”

Com habilidade, não alimentou o entrevero entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski. “É natural.” Evitou polêmica sobre o impedimento do ministro Dias Toffoli. “Ele votou (a questão de ordem), ninguém arguiu (suspeição). Não vejo mais condições para que se levante a suspeição. Ele (Toffoli) já tinha votado antes questões de ordem. Acho que acabamos com essa demanda.” Bom que Toffoli prossiga? “Não sei, vamos ver com o voto dele”, respondeu, com um largo sorriso.


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