Para isso, fez no texto de 11 parágrafos referência até ao cineasta italiano Federico Fellini. “Ingênuos são os que não conseguem ver a mais cristalina das verdades, que brilha sob o sol desse País tropical: a manipulação midiática e as mais abjetas pressões, que pensam se esconder sob o manto roto da cobrança por justiça, são apenas o óbvio e felliniano terceiro turno das seguidas eleições presidenciais que vencemos com Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.”
O ex-tesoureiro é citado no processo como integrante do núcleo político do esquema do mensalão. Ele é acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa. Apesar disso, manteve-se firme na tese do ex-presidente Lula, que, ao deixar a Presidência da República, disse que se ocuparia em provar que o mensalão não existiu. “Não houve a compra de partidos políticos, de senadores ou de deputados para que votassem matérias de interesse do governo. Não existiu ‘mensalão’ nenhum. Não existe o enriquecimento de nenhuma das pessoas denunciadas na Ação Penal 470”, destacou no texto no blog de Delúbio.
Ao final, Delúbio disse acreditar na Justiça. “Não creio na judicialização da vida institucional. Nem creio na politização do Poder Judiciário. Creio na Justiça de meu país como creio em Deus e no meu povo. E essa crença vem do coração, da alma, do espírito de luta e dos ideais que movem minha vida pública e acalentam a imorredoura confiança na verdade”, escreveu.
Ao longo de 11 parágrafos, além de rejeitar a existência do mensalão, Delúbio reforçou seu papel de cumpridor de ordens do partido. Ele citou novamente afirmações suas a colegas do PT em maio de 2009. “Escolhi os caminhos a serem percorridos e aceitei os riscos da luta. Mas não fui, senão, em todos os instantes, sem exceção, fiel cumpridor das tarefas que me destinou o PT.”
Fiel sobretudo ao discurso da negação da existência do esquema de compra de votos, ele chegou a comparar o escândalo do qual é acusado de integrar ao lado de outros 37 réus com tentativas de golpes cometidas contra outros presidentes do Brasil. “Ontem era o ‘mar de lama’ contra Getúlio, a ‘maioria absoluta’ contra JK, a ‘república sindicalista’ contra Jango. Hoje, é o ‘mensalão’”, afirmou o ex-tesoureiro.