Às vésperas de deixar o hospital, depois de uma cirurgia para retirada de um tumor com "foco maligno" no pâncreas e oito dias de internação, o ex-deputado Roberto Jefferson está atento ao julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Embora, segundo sua assessoria, não tenha assistido à transmissão na TV, acompanha e autoriza a publicação de comentários em seu blog e no Twitter.
Pivô do mensalão, o presidente do PTB comentou a votação que rejeitou o desmembramento do processo por 9 a 2 e chegou a arriscar uma previsão para o resultado final, nada favorável aos réus. "Ficou longe do empate, apesar de, no fim, a impressão que ficou foi de que a Corte está, sim, dividida. Não duvido que o placar, ou algo próximo, se repita no julgamento do mérito das acusações. E, se assim for, a grande briga está reservada para a discussão sobre as penas a serem impostas aos réus", analisou Jefferson no blog.
Jefferson destacou o voto de Marco Aurélio Mello, que seguiu o ministro revisor, Ricardo Lewandovski, e foi favorável ao desmembramento do processo. O petebista salientou o fato de que, apesar de lembrar a praxe de elogiar o ministro de quem vai-se discordar, Mello não citou a manifestação de Barbosa contra a divisão do processo. "O silêncio disse tudo sobre o clima que, já no primeiro dia, Barbosa impôs ao julgamento", comentou.
"Mesmo acreditando que o julgamento já está com condenação certa na falta de um voto preparado para decidir uma questão de ordem anunciada há tempos, Barbosa precisa melhorar seu jogo. Afinal, até a novata Rosa Weber tinha mais argumentos para rejeitar a questão levantada por MTB (o advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que pediu o desmembramento do processo) e mereceu elogios dos colegas, ao contrário de Barbosa, que ficou sem qualquer menção honrosa. A continuar no ritmo de ontem a tese de Barbosa pode até, quiçá, ser vencedora em mais algum ponto, mas o próprio ministro sairá perdedor", disse Jefferson no blog.
O ex-deputado, que teve o mandato cassado em setembro de 2005, três meses depois de denunciar o mensalão, deixará o Hospital Samaritano no próximo domingo e deverá começar a quimioterapia para combater o foco cancerígeno no prazo de quatro a seis semanas. O tratamento levará seis meses. No processo do mensalão Jefferson responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, crimes que nega ter cometido.