"O crime consumou-se mediante autorização dada por Henrique Pizzolato", disse Gurgel, lembrando que em três das quatro antecipações de recursos foi o próprio ex-diretor do banco que o assinou.
O procurador-geral afirmou que o próprio Pizzolato recebeu cerca de R$ 306 mil do esquema comandado por Valério. Segundo Gurgel, o ex-diretor do BB apresentou uma versão "inusitada" para o recebimento dos recursos: não sabia o que tinha dentro dos dois envelopes pardos com o dinheiro, entregue por um conhecido por Pizzolato. "A desculpa apresentada por Henrique Pizzolato, de tão esdrúxula e esfarrapada, não deveria sequer ser comentada", disse.
Em relação ao Visanet, Gurgel disse que Pizzolato, Valério e os sócios da agência de publicidade dele ainda se apropriaram indevidamente de R$ 2,9 milhões do chamado bônus de volume (BV). Esses recursos servem para remunerar uma empresa que é subcontratada por uma agência de publicidade para prestar determinados serviços.
Pelo contrato com o BB, disse o procurador-geral, os recursos, por não terem sido usados, deveriam voltar para o caixa do banco. "No entanto, a DNA não repassou ao Banco do Brasil os valores obtidos a título de bônus de volume", afirmou Gurgel, ressaltando que, durante a instrução do processo, o próprio banco confirmou a apropriação dos recursos.
Gurgel lembrou ainda o fato de o Tribunal de Contas da União (TCU) ter suspendido os efeitos de uma decisão que considerou regular a retenção de bônus volume pela DNA Publicidade do contrato com o BB. Ele ressaltou que, como até abril de 2010 não havia legislação federal sobre o tema, valia o previsto em contrato, assinado muitos anos antes.