Os cerca de 138 milhões de eleitores brasileiros devem garantir a reeleição a 1.660 prefeitos – o que equivale a 60,7% dos 2.736 gestores que tentarão ficar mais quatro anos no poder. Essa, pelo menos, é a estimativa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), feita pela média dos resultados das três eleições municipais já realizadas depois da adoção do instituto da reeleição no Brasil. Nas duas primeiras disputas envolvendo prefeitos, 58,2% deles passaram no teste das urnas. Há quatro anos, foi bem mais: 65,9%.
O levantamento mostra ainda que a cada eleição tem aumentado o interesse dos gestores em disputar mais um mandato: se em 2000 e 2004 a média foi em torno de 60%, nos dois últimos pleitos ultrapassou os 70%. Uma das razões que podem explicar esse fato, segundo a CNM, é a melhoria dos indicadores fiscais e a gestão dos municípios. Mas embora o número de prefeitos que disputam a reeleição seja grande, a CNM avalia que muitos deles ainda se sentem desmotivados a tentar permanecer no cargo.
Entre as razões apontadas pelo presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, estão a fiscalização ostensiva que sofrem do Ministério Público e da mída, muito superior, segundo ele, àquela feita em relação aos governadores, e acordos políticos e partidários – na maioria das vezes cumpridos pelas legendas – para que na eleição seguinte o mandato seja disputado pelo vice-prefeito. Há muitos casos também de pressão dos familiares do político para que ele não volte à cadeira.
“Tem muitos que não querem (candidatar) porque sabem que é muito duro ser prefeito. A lei é igual para todos, mas é aplicada mais em quem está na ponta. É muito fácil bater em pequeno. A gente não vê a mesma cobrança do presidente e dos governadores”, justifica. Ziulkoski lembra que desde a aprovação pelo Congresso Nacional do instituto da reeleição, todos os presidentes da República disputaram um segundo mandato: caso de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, ao que tudo indica, da presidente Dilma Rousseff (PT). A grande maioria dos governadores também tenta a reeleição.
E a maioria é reeleita, assim como no caso dos prefeitos. Em 2000 e 2004, 58,2% daqueles que foram novamente às urnas conquistaram o segundo mandato. Na eleição passada o índice subiu para 65,9%. “Isso mostra que os prefeitos, em sua maioria, são bons gestores e os eleitores estão satisfeitos”, comenta Ziulkoski, que é favorável à possibilidade de um governo que dure oito anos. Para ele, a expectativa de uma vitória seguida nas urnas faz com que o administrador “capriche” na sua gestão para ser aprovado quatro anos depois.