Jornal Estado de Minas

Relator considera silêncio da ex de Cachoeira incriminador

Ex-mulher do bicheiro resume depoimento à CPI a leitura de texto e se nega a falar sobre contas. Colegiado se debruça sobre dados da Delta

João Valadares
Andréa Aprígio se emocionou ao fazer apelo para que sua imagem e a de seus filhos fosse preservada - Foto: Geraldo Magela/Agência Senado Andréa Aprígio de Souza, ex-mulher do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, entrou ontem como testemunha e saiu como investigada da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as relações do bicheiro com políticos, afirmou o relator do colegiado, deputado Odair Cunha (PT-MG). Amparada por um habeas corpus, Andréa leu sua defesa, chorou, negou envolvimento em negócios ilícitos, fez um apelo aos parlamentares para que a intimidade de sua família fosse preservada e afirmou que seu  patrimônio é compatível com os seus rendimentos.
Após a leitura, Andréa disse que nada mais tinha a declarar, mas concordou em ser inquirida em sessão secreta. Ainda assim se calou. “O silêncio a condena”, declarou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Relatório da Polícia Federal mostra que a ex-mulher do bicheiro dividia com ele a titularidade de uma conta  nos Estados Unidos.

Após análise do fluxo financeiro da Delta Construções, integrantes da CPI do Cachoeira se mobilizam agora para identificar os operadores do esquema no Rio de Janeiro e em São Paulo. Dados bancários indicam que a empreiteira transferiu, apenas em 2011 e 2012, R$ 111,4 milhões para empresas fantasmas paulistas e R$ 51,75 milhões para laranjas fluminenses. No Centro-Oeste, construtoras de fachada receberam R$ 91,59 milhões. “Fica claro que Cachoeira é apenas parte desse esquema. As movimentações da Delta são milionárias”, alertou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).