Segundo ele, a CNV "está dotada de amplos poderes", "não existe nenhuma imposição de sigilo" e "não está submetida às mesmas limitações impostas pela Lei de Anistia ao sistema jurisdicional brasileiro". Irônico, arrancou risos da plateia ao afirmar que a CNV "não é um bando de bocós de mola" e considerou "ingenuidade" considerar que o relatório da comissão não terá consequências. "Apesar de termos sido nomeados pelo Estado, não somos o Estado brasileiro. Então, evidentemente temos uma autonomia enorme, um poder imenso, utilizem isso,em vez de nos colocarem no muro da acusação. Não quero receber essas balas", declarou, para depois pedir desculpas pelo tom do seu pronunciamento.
Menos exaltada, outra integrante da CNV, Maria Rita Kehl, também reclamou das críticas. "Às vezes, é um pouco chocante ouvir de companheiros da mesma luta um tom um pouco acusatório como se o nosso sigilo às vezes necessário para uma investigação, fosse da mesma ordem do sigilo de que estava escondendo coisas feias, vergonhosas etc", reclamou. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp, também da CNV, considerou normais as críticas à comissão, atribuindo-as à carga emocional que cerca os episódios que a comissão apura. Assim como José Carlos Dias, outro membro, defendeu que alguns procedimentos sejam submetidos a sigilo.
"Acho que vocês têm que confiar que estamos querendo apurar. Isso tem características de uma investigação policial, criminal. E temos de a partir daí tomar outros depoimentos. Se dermos publicidade, estaremos prejudicando a descoberta da verdade", disse Dias. Ele declarou que os convocados pela CNV serão obrigados a comparecer - se não forem, serão processados por desobediência.