As mudanças polêmicas na legislação do novo Código Penal começaram a passar nesta terça por uma triagem de uma comissão especial de senadores, aparentemente com poucas chances de vingarem. Senadores discordam, por exemplo, da proposta de discriminalizar o plantio, compra e o porte de qualquer tipo de droga para uso próprio, com a condição de a quantia ser equivalente a cinco dias de uso, e da ampliação das regras para que a mulher possa realizar aborto sem que a prática seja considerada crime. Mas há uma tendência em aprovar a diminuição da maioridade penal, que não fez parte do anteprojeto.
Nesta terça, o presidente da comissão de juristas que elaborou o anteprojeto, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Gilson Dipp, disse que a tipificação do crime de enriquecimento ilícito é "o maior passo para se enfrentar a epidemia de crimes contra a administração pública". Ele falou na primeira audiência pública promovida pela comissão especial de senadores para analisar as propostas dos juristas. Além desse crime, o ministro citou os crimes praticados pela Internet e aqueles contra a humanidade e os direitos humanos, como inovações exigidas pelo código que está em vigor desde 1940 e que, portanto - entende ele - "não mais reflete a hierarquia de valores da sociedade brasileira, nem os anseios dos cidadãos".
"É um sistema caótico, sem disciplina, com penas desproporcionais e que dificultavam a operação da norma, não só pelos operadores do Direito, mas igualmente pelos cidadãos brasileiros", constatou. Eunício e Pedro Taques tiveram o apoio dos colegas para adiar o exame de propostas polêmicas, para não emperrar o trabalho logo no início.