Rio de Janeiro – O maior volume de informações gerado a partir de esforços de governo e da sociedade civil poderá levar à localização dos desaparecidos políticos durante a ditadura militar. Instrumentos como a Comissão Nacional da Verdade, o Grupo de Trabalho do Araguaia e até a participação de ex-colaboradores do regime estão produzindo dados importantes para viabilizar as buscas.
A avaliação é do secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, que participou nesta terça-feira da abertura da Conferência Internacional Memória: América Latina em Perspectiva Internacional e Comparada, que prossegue até sexta-feira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). “Eu estou muito otimista [sobre a localização dos desaparecidos]. Acho que nunca vivemos um momento como este no Brasil. Nós estamos caminhando para isso. Temos o Grupo de Trabalho do Araguaia, a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e agora a Comissão da Verdade”, disse.
O secretário nacional de Justiça também considerou que é importante ensinar nas escolas o que ocorreu durante os 21 anos da ditadura, como forma de resgatar e manter a memória da sociedade sobre o período. "Hoje as escolas ainda não trabalham bem a história do período de exceção. Isso faz parte [do processo de construção da memória] e ainda representa uma falha da nossa democracia, que não pode ser construída sobre as bases do esquecimento."
O programa completo da conferência internacional pode ser acessado no endereço www.puc-rio.br. Entre os participantes, estão especialistas, historiadores e cientistas políticos de vários países latino-americanos. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deverá participar amanhã (15) à tarde. No último dia do evento, ocorrerá a 61ª Caravana da Anistia, quando serão apreciados pedidos de anistia política de vítimas da ditadura militar.