Os advogados de defesa dos réus do mensalão acompanharam com perplexidade e visível preocupação o voto do ministro Ricardo Lewandowski. De modo geral, eles apostavam que o revisor iria se contrapor ao ministro Joaquim Barbosa, relator do caso, que tem refutado todas as teses da defesa.
O momento mais crítico, do ponto de vista da defesa, foi quando Lewandowski deu veredicto pela condenação de Pizzolato pelo segundo crime de peculato. Após extensa argumentação, em que dava a impressão de que iria absolver o réu desta imputação, o revisor o condenou, explicando que havia mudado o voto na noite anterior. “Tudo indicava (que Lewandowski iria absolver)”, disse o criminalista Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, defensor do executivo José Roberto Salgado, do Banco Rural. “Não quero falar sobre isso. Os votos são parciais”, disse. “Todo julgamento é preocupante”, acrescentou o criminalista José Carlos Dias.
O advogado Marcelo Leonardo, que defende Marcos Valério, comentou que não conseguiu entender por que o ministro revisor trocou a ordem de votação. Joaquim Barbosa, o relator, começou seu voto pelo deputado João Paulo Cunha (PT-SP), e Lewandowski deve se manifestar sobre as acusações contra o petista somente hoje. “Achei curiosa a inversão na ordem. Não tenho ideia do motivo.”
O defensor de Marcos Valério foi enigmático. “Vou esperar a totalidade dos votos e ver como o tribunal vai decidir acerca dos políticos”, declarou, referindo-se ao núcleo político do mensalão, no qual é citado o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). Ele prosseguiu: “Quero ver como o tribunal vai decidir depois dos 11 votos em relação a todas as acusações e a todas as pessoas. Eu quero aguardar.”