Considerado o personagem-bomba da CPI do Cachoeira, o ex-superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, prestará depoimento ao colegiado nesta terça-feira, causando expectativas contraditórias entre seus interlocutores no Congresso. Enquanto integrantes do PR, partido do qual ele fazia parte, apostam que a oitiva não trará elementos novos à investigação, outros parlamentares afirmam que Pagot voltará à carga na direção do Palácio do Planalto.
Desde a instauração da CPI, Pagot tem reiterado em entrevistas a intenção de colaborar com o colegiado, inclusive dando detalhes sobre o financiamento da campanha da presidente Dilma, processo do qual ele participou. "Ele me mandou um recado hoje (ontem). Está receoso em vir, mas, se for perguntado, não vai esconder nada. Disse ter informações sobre empresas que doaram dinheiro para a campanha da Ideli (Salvatti, ministra das Relações Institucionais) e a respeito do chefe de gabinete da presidente (Giles Azevedo)", contou um senador da base aliada.
Líder do PR na Câmara, o deputado Lincoln Portela (MG) questiona a especulação a respeito do potencial ofensivo do ex-correligionário. Embora afirme não ter mantido contato com o ex-diretor do Dnit nas últimas semanas, argumenta que ele não tem a munição que alguns estimam. "Mesmo sobre financiamento de campanha, o que ele tem a dizer? Se ajudou a arrecadar para a campanha da presidente em caixa um, não tem nada de errado. Se foi em caixa dois, como vai provar? Vai se sustentar na própria palavra", analisou Portela.
O senador Blairo Maggi admite, no entanto, que o depoimento de Pagot está causando apreensão entre integrantes da base aliada no Congresso. "Isso é como mulher de malandro que toda hora faz uma besteira. Mesmo quando o cara não sabe por que está batendo, ela sabe por que está apanhando".
Depois da oitiva de Pagot, está previsto o depoimento de Adir Assad, suspeito de ser proprietário de empresas usadas como laranjas pela construtora Delta. A defesa do empresário, porém, conseguiu um habeas corpus na Justiça para garantir-lhe o direito de permanecer em silêncio durante a sessão. Amanhã, o dono da Delta, Fernando Cavendish, deverá comparecer à CPI. Ele também chegará amparado por uma liminar para não responder as perguntas e ainda tenta na Justiça uma decisão para sequer ir à oitiva.