Mesmo sem entrar em greve, os servidores do Senado terão os salários reajustados em 15,8%, no mesmo porcentual proposto pelo governo para as categorias que paralisaram as atividades nos últimos meses. A decisão foi tomada nesta terça à tarde pelos integrantes da Mesa Diretora e, se dependesse deles, seria mantida em sigilo. O primeiro-secretário, senador Cícero Lucena (PSDB-PB), candidato a prefeito de João Pessoa, saiu da reunião garantindo que só tinham tratado de questões administrativas "sem importância".
De acordo com a assessoria de Comunicação Social do Senado, o reajuste será pago de forma escalonada, em três anos, causando um impacto de R$ 132 milhões na folha de pagamento da Casa. A assessoria informa ainda que, no decorrer da reunião da Mesa, a vice-presidente, Marta Suplicy (PT-SP), se prontificou a falar com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, sobre o reajuste. Minutos depois, Marta teria comunicado que Belchior endossou a decisão, ao afirmar que o reajuste de 15,8% é extensivo a todos os poderes. Procurada, a senadora Marta não quis se manifestar.
Os salários do Senado estão bem acima da média nacional. Em setembro do ano passado, por exemplo, o menor salário para o servidor efetivo da Casa era de R$ 10,24 mil, sem contar eventuais horas extras ou a contagem de benefícios pelo tempo de serviço. O valor corresponde ao salário-base de auxiliar legislativo. A Casa tem ainda três servidores com salários acima do teto de R$ 26,7 mil, sendo o maior deles de R$ 32,872 mil. Um consultor do Senado no último grau da carreira recebe hoje cerca de R$ 25 mil, fora as vantagens que possa ter incorporado no serviço público.