A estratégia inicial era que Kassab evitasse assumir a linha de frente quando fosse atacado. A campanha tucana avaliava que a exibição das obras e realizações da gestão atual no horário eleitoral seria antídoto suficiente.
Diante das críticas dos adversários com o início da campanha na TV, na semana passada, aliados de Kassab passaram a cobrar uma mudança nos rumos da campanha. “O Kassab havia se transformado na Geni”, disse um aliado, em referência à personagem da canção "Geni e o Zepelim", de Chico Buarque, que era hostilizada publicamente em sua cidade.
Segundo kassabistas, o prefeito quer uma defesa mais incisiva de sua administração, inclusive no horário eleitoral de TV. O próprio Kassab acabou saindo a campo sozinho para defender sua gestão no início desta semana, quando convocou uma entrevista para rebater ataques do PT à política de saúde do município.
Também criou “mal-estar” entre os aliados do prefeito o fato de o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ter aparecido como principal cabo eleitoral de Serra na TV, enquanto Kassab mal foi exibido nos vídeos. Tanto o tucano quanto o prefeito são cotados para disputar o Palácio dos Bandeirantes em 2014.
Para o prefeito, há outro componente no debate contra os adversários: Kassab busca uma aproximação com o PT e chegou a cogitar um apoio a Haddad antes de Serra entrar na disputa. Se o prefeito se torna o único defensor de sua gestão e o rebatedor das críticas dos petistas, ele pode acabar rompendo pontes com o partido em São Paulo.
Novo rumo
A queda nos índices de intenção de voto e o aumento da rejeição a Serra nas últimas pesquisas também levou dirigentes nacionais e paulistas do PSDB a pressionar a equipe da campanha por mudanças na estratégia de comunicação. Tucanos acreditam que o eleitorado demonstra um certo cansaço de Serra e advertem que o marketing da campanha agrava o problema, em vez de corrigi-lo. É geral a avaliação de que o programa de TV tem “cara de velho”.
Um dos críticos do marqueteiro de Serra, Luiz González, afirma que a única diferença entre as peças publicitárias exibidas nas campanhas do tucano em 2006 e 2010 é que o amarelo usado pelo partido foi substituído pelo laranja - tom considerado mais quente e moderno.
Dirigentes paulistas e nacionais também identificaram como grave erro tático da campanha não ter abordado de forma clara, incisiva e objetiva, logo no primeiro programa de TV, o maior problema de Serra: as dúvidas do eleitorado de que ele quer mesmo ser prefeito e se manterá no cargo até o fim do mandato. Este ponto é reconhecido por todos como a maior fragilidade da candidatura e, por isto, setores importantes entendem que a hesitação na abordagem alimenta dúvidas sobre o tema. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.