Dezessete pontos em dezessete dias. Um ponto por dia. Este foi o crescimento obtido pelo candidato do PSB à Prefeitura do Recife, Geraldo Júlio, que de acordo com o levantamento divulgado pelo Ibope, nesta segunda, chegou à liderança da pesquisa de intenção de votos na capital pernambucana, com 33%, ultrapassando o senador petista Humberto Costa, que até então estava à frente, mas que caiu sete pontos em relação à pesquisa anterior, chegando aos 25%. Os demais candidatos aparecem com os seguintes percentuais: Daniel Coelho (PSDB), 15%; Mendonça Filho (DEM), 8% Esteves Jacinto (PRTB), Edna Costa (PPL) e Roberto Numeriano (PCB), com 1%. Jair Pedro (PSTU) não pontuou.
Geraldo tem como padrinho o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, que provocou a irritação de integrantes da cúpula nacional e local do PT, entre os quais o ex-presidente Lula, ao romper a aliança local com o PT, lançar candidato próprio e aliar-se ao senador Jarbas Vasconcelos, um dos maiores desafetos do líder petista. Lula, para quem, segundo articuladores próximos, a vitória em Recife é uma das "prioridades", deve chegar à cidade no próximo dia 13 para participar de um ato em apoio a Humberto.
Na última rodada do Ibope, em 16 de agosto, o socialista aparecia com 16 pontos e o petista com 32. Animados com a curva ascendente, alguns aliados socialistas já falam em vitória no primeiro turno. "Os ventos estão soprando no sentido de primeiro turno. Se Geraldo Júlio atingir 38% dos votos válidos, e está bem próximo disso, já era para o PT", comentou o deputado federal Silvio Costa (PTB-PE).
Mais comedido, Geraldo atribui o crescimento ao trabalho realizado aos eleitores. "Nossa candidatura cresce porque apresentamos propostas para os problemas que tocam o dia a dia da população. Não perdemos o nosso tempo atacando adversários. Vamos seguir em frente, seguindo o planejamento que traçamos e que tem se mostrado vitorioso", afirmou durante entrevista a um programa de TV local. Nos bastidores, no entanto, os índices conquistados pelo socialista são atribuídos à estratégia de marketing adotada pela campanha, que "colou" a imagem do candidato à do governador, que detém uma popularidade acima de 81% na capital e ao impulso financeiro disponível.
Lula em Recife
Entre os petistas, apesar da queda, o clima é positivo. Com a experiência de quem viveu várias eleições, Costa disse estar tranquilo. "Às vezes uma tendência do eleitorado demora um pouco a se cristalizar. Sempre fui um candidato de chegada e acredito que vou chegar e chegar bem. Acredito que vamos reverter esse eventual momento de dificuldade. Ainda temos um mês, temos tempo. Há eleições que se decidem até no dia. Eu não me considerava vencedor quando estava em posição confortável, então também não considero que há motivo para se preocupar."
O coordenador geral da campanha do PT, Dilson Peixoto, destaca a importância da vinda Lula à cidade e a intensificação de sua participação na campanha, mas negou que esta seja a "última esperança" para reverter os números, como afirmam alguns socialistas em reserva. "Lula é o maior líder do PT. E estamos no Estado em que ele nasceu e tem os maiores índices de popularidade. E com ele aqui tudo vai ficar claro para o eleitor que por acaso ainda não tenha percebido que Lula e Dilma estão com Humberto, e só com Humberto. Mas nossa campanha tem a militância forte, aguerrida e tem a experiência e a competência de Humberto e do deputado federal João Paulo, que governou a cidade por oito anos e mudou a face do Recife".