Jornal Estado de Minas

Projetos ficam de lado e eleição domina debates na Câmara de BH

Na última quinzena de sessões antes da abertura das urnas, vereadores de BH abandonam discussão de projetos e fazem campanha abertamente

Marcelo da Fonseca- enviado especial

Trabalhos seguem em ritmo lento na Câmara, porque 39 dos 41 vereadores são candidatos - Foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS %u2013 1/8/12

Na sessão que inaugurou a reta final da campanha eleitoral, 38 vereadores registraram a presença na reunião ordinária da Câmara Municipal de Belo Horizonte, deixaram de lado a obrigação de discutir projetos para cidade e transformaram a tribuna em palanque, para falar sobre eleição, suas bases, elogiar colegas e atacar adversários. Nos discursos, o alvo preferido foi a atual administração da capital. Com a manutenção de dois vetos do prefeito a projetos apresentados por vereadores, os parlamentares encerraram as atividades rapidamente. Mas deixaram outros 19 vetos e 13 projetos para os próximos encontros. A primeira reunião de setembro acompanhou o ritmo da Casa nos últimos meses, quando os vereadores – 39 dos 41 tentam a reeleição – se dedicaram à campanha eleitoral.

Se por um lado as votações foram retomadas em ritmo lento nas últimas semanas de campanha, por outro as discussões políticas e pedidos por mais atenção para regiões da cidade ganharam força na sessão de ontem. Único orador inscrito para discutir projetos, o vereador Cabo Júlio (PMDB) aproveitou o palanque para discursar como candidato em campanha. Lamentou a situação de algumas regiões da cidade, que, segundo ele, estariam em situação preocupante e convidou um candidato a prefeito a acompanhá-lo numa visita ao local.

A pedido de seu ex-colega Wellington Magalhães (PMN), que tenta retomar uma vaga na Câmara depois de ser cassado em 2010 por compra de votos e abuso de poder econômico, Cabo Júlio chegou a comemorar em plenário a decisão do TRE de liberar a candidatura de Magalhães e fez vários elogios ao candidato. Já a vereadora Neusinha Santos (PT) também não fez qualquer declaração sobre os dois projetos que chegaram a ser votadas em plenário mas não deixou passar a chance de cobrar mais ações do prefeito Marcio Lacerda (PSB) e criticar sua campanha.

Nessa segunda-feira, as duas reuniões marcadas para comissões da Casa foram canceladas e na reunião ordinária dois vetos totais do Executivo foram mantidos pelos vereadores. O primeiro dispõe sobre critérios para acondicionamento de alimentos em bar, restaurante, lanchonete e similar, e o outro sobre a instalação de sistemas de segurança nas escolas públicas da cidade. Este último foi defendido pela maioria dos parlamentares que votaram sobre o tema, com 13 votos contrários ao veto, porém, sem mesmo receber a defesa dos autores, o número foi insuficiente para rejeitar a decisão do prefeito.

Lentidão

Desde o retorno das férias, o funcionamento da Câmara está sendo marcado pela lentidão nos trabalhos e pouca produtividade nas sessões do legislativo. No mês passado, em nove dos 13 encontros não houve parlamentares suficientes em plenário para dar início às votações e somente em duas sessões foram apreciados mais de dois projetos de lei. Mesmo com registro de presença confirmando que os vereadores estiveram em plenário antes da abertura das sessões, na hora de votar os projetos de lei em plenário ficou claro que os trabalhos avançaram pouco neste segundo semestre.

O tom eleitoreiro predomina nas discussões do Legislativo durante o período de campanha. Apesar de ter tido como líder de governo durante o ano passado o petista Tarcísio Caixeta, outros vereadores do partido sempre criticaram duramente a administração socialista antes mesmo do rompimento entre PT e PSB. Com o fim da parceria, as críticas ao socialista passaram a ser mais frequentes, o que fez com que os contra-ataques se tornassem mais duros por parte da base aliada de Lacerda na Câmara.