O relator mencionou uma reunião de Dirceu com a ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello, e leu trecho do depoimento no qual ela afirmou que Valério agiu como “intermediário” entre a instituição financeira e o então ministro. A ex-executiva diz ter tratado na reunião da suspensão da liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco. O ex-ministro-chefe da Casa Civil foi denunciado por formação de quadrilha, como o chefe do esquema, e corrupção ativa. Será julgado nos itens seis e dois.
Joaquim Barbosa reafirmou ontem que os empréstimos que beneficiaram as agências de Valério e o PT foram simulados e “sabidamente provenientes de crimes contra a administração pública”. Segundo ele, quase 2,5 mil notas fiscais falsas foram apresentadas para dar aparência de legalidade às operações. Barbosa condenou Valério e os ex-sócios Cristiano Paz, Ramon Hollerbach e Rogério Tolentino; as ex-funcionárias da SMP&B Geiza Dias e Simone Vasconcelos; e a ex-presidente do banco, o ex-executivo da instituição José Roberto Salgado e o atual vice-presidente Vinícius Samarane. O relator absolveu apenas Ayanna Tenório, por entender que, depois de os colegas a terem considerada inocente na acusação de gestão fraudulenta, não há como condená-la por lavagem.
De acordo com Joaquim Barbosa, há inúmeras contradições nos depoimentos de Marcos Valério. Segundo o ministro, o empresário mentiu sobre a destinação das quantias referentes a empréstimos. O ministro citou o depoimento do ex-tesoureiro de agência bancária em Brasília José Francisco de Almeida Rêgo, que contou que a partir de 2003, ano em que teria sido iniciado o esquema do mensalão no governo Lula, saques de R$ 100 mil nas contas das empresas de Valério ocorriam até duas vezes por semana.
Por meio de nota, a instituição financeira reafirmou que “seus executivos à época obedeceram à legislação e às normas então vigentes”. Segundo o banco, todos os saques em espécie iguais ou superiores a R$ 100 mil realizados pelas empresas SMP&B e DNA Propaganda foram comunicados às autoridades.
Para Marcos Valério, o dia não foi apenas de derrotas. A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região rejeitou, por unanimidade, uma outra denúncia por lavagem de dinheiro contra o empresário e a mulher dele, Renilda Santiago, por operações no montante de R$ 2,9 milhões entre o casal e a empresa de ambos, 2S Participações. O relator do processo foi o desembargador Tourinho Neto.