Jornal Estado de Minas

Dilma paga a conta e põe Marta Suplicy no Ministério da Cultura

Senadora vai substituir Ana de Hollanda, demitida do ministério. Mudança é a quarta na Esplanada visando ao fortalecimento do candidato petista na disputa pela Prefeitura de SP

Paulo de Tarso Lyra Gabriel Mascarenhas Juliana Braga

Uma semana depois de participar pela primeira vez da campanha do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo e a 25 dias das eleições municipais, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) foi premiada pela presidente Dilma Rousseff com o Ministério da Cultura, na vaga de Ana de Hollanda. É mais uma mudança na Esplanada para cacifar a candidatura do ex-ministro da Educação. Dilma já havia dado o Ministério da Pesca para o PRB de Marcelo Crivella; a Educação para Aloizio Mercadante, segurando o ímpeto dele de disputar as prévias do PT; e a Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades para Osvaldo Garcia, ligado ao deputado Paulo Maluf (PP-SP).

Em entrevista no Senado, entretanto, a futura ministra negou que a nomeação esteja ligada ao apoio à candidatura de Haddad em São Paulo. “Minha ida não tem relação com a campanha do Haddad porque, desde o começo, eu disse que na hora que fosse fazer diferença, eu entraria (na campanha). E entrei”, disse Marta, que tem grande influência no eleitorado paulistano. Ela toma posse amanhã. Seu suplente no Senado é o vereador Antônio Carlos Rodrigues (PR), que apoia a candidatura de José Serra (PSDB) para a prefeitura.

Apesar de um desgaste crescente com o PT e com o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marta sempre viu em Dilma uma aliada confiável. Quando assumiu o mandato de senadora, ela prometeu “ser uma soldada da presidente no Senado Federal”. Foi Dilma quem comunicou, no fim do ano passado, o pedido do ex-presidente Lula de que Marta abrisse mão de disputar as prévias do PT para a Prefeitura de São Paulo. Em março, a presidente sondou Marta para a Cultura, já insatisfeita com o bombardeio que Ana de Hollanda sofria. A senadora recusou a oferta, dizendo que nos seus planos estava a pasta das Cidades.

As duas se aproximaram novamente há 20 dias, quando Dilma convenceu Marta a participar da campanha de Haddad. A presidente disse que a senadora deveria entrar no momento em que a candidatura estava em ascensão. Marta topou. De lá para cá, foram mais três ou quatro encontros, a sós, nos quais começou a se consolidar o retorno da senadora à Esplanada, cinco anos depois de ter deixado a pasta do Turismo, na qual passou pelo constrangimento de criar o bordão “relaxa e goza” ao ser questionada sobre o que dizer aos passageiros de avião diante do caos aéreo que assolava o país.

A mudança se cristalizou com a divulgação de uma carta na qual Ana de Hollanda reclamava da falta de recursos na pasta. A ex-ministra foi comunicada da demissão pela própria Dilma, em reunião de cerca de 25 minutos no Palácio do Planalto. Foi a 13ª troca no ministério de Dilma.

Enquanto em Brasília ocorria a reconfiguração ministerial, Haddad teve a candidatura mais uma vez reforçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que subiu no palanque para exaltar o afilhado. No primeiro evento público de campanha ao lado do petista, Lula discursou por 25 minutos e anunciou que, por medidas de saúde, não percorrerá o país para manifestar apoio aos aliados nas outras cidades – ele ainda se recupera do tratamento para combater o câncer na laringe diagnosticado no ano passado.