Uma semana depois de participar pela primeira vez da campanha do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo e a 25 dias das eleições municipais, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) foi premiada pela presidente Dilma Rousseff com o Ministério da Cultura, na vaga de Ana de Hollanda. É mais uma mudança na Esplanada para cacifar a candidatura do ex-ministro da Educação. Dilma já havia dado o Ministério da Pesca para o PRB de Marcelo Crivella; a Educação para Aloizio Mercadante, segurando o ímpeto dele de disputar as prévias do PT; e a Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades para Osvaldo Garcia, ligado ao deputado Paulo Maluf (PP-SP).
Apesar de um desgaste crescente com o PT e com o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marta sempre viu em Dilma uma aliada confiável. Quando assumiu o mandato de senadora, ela prometeu “ser uma soldada da presidente no Senado Federal”. Foi Dilma quem comunicou, no fim do ano passado, o pedido do ex-presidente Lula de que Marta abrisse mão de disputar as prévias do PT para a Prefeitura de São Paulo. Em março, a presidente sondou Marta para a Cultura, já insatisfeita com o bombardeio que Ana de Hollanda sofria. A senadora recusou a oferta, dizendo que nos seus planos estava a pasta das Cidades.
As duas se aproximaram novamente há 20 dias, quando Dilma convenceu Marta a participar da campanha de Haddad. A presidente disse que a senadora deveria entrar no momento em que a candidatura estava em ascensão. Marta topou. De lá para cá, foram mais três ou quatro encontros, a sós, nos quais começou a se consolidar o retorno da senadora à Esplanada, cinco anos depois de ter deixado a pasta do Turismo, na qual passou pelo constrangimento de criar o bordão “relaxa e goza” ao ser questionada sobre o que dizer aos passageiros de avião diante do caos aéreo que assolava o país.
A mudança se cristalizou com a divulgação de uma carta na qual Ana de Hollanda reclamava da falta de recursos na pasta. A ex-ministra foi comunicada da demissão pela própria Dilma, em reunião de cerca de 25 minutos no Palácio do Planalto. Foi a 13ª troca no ministério de Dilma.
Enquanto em Brasília ocorria a reconfiguração ministerial, Haddad teve a candidatura mais uma vez reforçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que subiu no palanque para exaltar o afilhado. No primeiro evento público de campanha ao lado do petista, Lula discursou por 25 minutos e anunciou que, por medidas de saúde, não percorrerá o país para manifestar apoio aos aliados nas outras cidades – ele ainda se recupera do tratamento para combater o câncer na laringe diagnosticado no ano passado.