Lewandowski, contudo, disse que as provas do processo comprovam "claramente" o crime de lavagem de dinheiro cometido por Kátia. O revisor afirmou que a cúpula do banco atuava para ocultar os reais beneficiários do esquema. O ministro disse que a SMP&B emitia um cheque em favor dela mesmo, sendo os recursos, a partir de ordens por fax e por e-mail, sacados em espécie por políticos e pessoas ligadas a eles em vários lugares do Brasil. Havia casos até em que os saques eram realizados pelos beneficiários antes da emissão de cheques pelas empresas de publicidade.
"O Rural disponibilizou a sua estrutura para Marcos Valério", afirmou o revisor, citando um dos relatórios produzidos durante as investigações. "Por meio da sistemática idealizada pelos altos dirigentes (do banco) com Marcos Valério, fazia-se com que altas somas de dinheiro chegassem a terceiras pessoas sem que o nome deles viesse a público", destacou.
Um dos exemplos citados pelo revisor foi o caso de João Cláudio Genú, ex-assessor da liderança do PP da Câmara dos Deputados. Genú fez um saque na agência do Rural em Brasília, mas a operação foi registrada como "pagamento a fornecedores". O ministro chegou a questionar os métodos adotados pelo banco nessas operações: "Por que, em pleno século 21, os réus não se valem de transferências bancárias?".
O ministro disse parecer "evidente" que Kátia Rabello soubesse dos saques, conduta classificada por ele de "esdrúxula" e que "destoava tanto dos padrões do mercado". No voto, Lewandowksi argumentou que ela passou a ocupar a presidência do banco a partir de 2001. O esquema foi tornado público quatro anos depois com a eclosão do escândalo do mensalão. "É pouco crível que a dirigente máxima do banco desconhecesse os procedimentos de rotina do banco", afirmou o ministro. O revisor lembrou ainda que Kátia Rabello tinha um relacionamento estreito com Valério.