Inconformado com a interrupção dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito Mista do Cachoeira até as eleições municipais de outubro, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) vai apresentar requerimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado para uma análise do comportamento dos parlamentares que integram a CPI.
Simon quer que o Conselho instaure procedimento investigatório com o propósito de verificar se os senadores estão atuando em desacordo com os “postulados elementares do decoro parlamentar”.
"Salvo melhor juízo, parece-nos que o comportamento da maioria dos parlamentares da CPI tem sido o de evitar que o inquérito avance além do que a Polícia Federal já desvendou nas operações Vegas e Monte Carlo, o que configuraria irregularidades incompatíveis com o decoro parlamentar – afirmou.
Requerimento semelhante, segundo Simon, será endereçado também ao corregedor-geral do Senado. Segundo o senador, no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) “inicia um novo Brasil” com o julgamento do mensalão, o Senado vive um dos períodos mais tristes de sua história. Para Simon, a CPI cassou a palavra dos parlamentares nos procedimentos de inquirição de acusados e testemunhas.
"Se a CPI sofre com a falta de colaboração de depoentes que não querem se auto-incriminar, ela inventou algo lesivo ao princípio básico de qualquer parlamento: o uso da palavra. Como pode haver um órgão parlamentar em que é proibida a manifestação por parte de seus integrantes?", indagou.
Proteção
Para Simon, tal procedimento visa proteger depoimentos de pessoas altamente comprometidas com Cachoeira, a começar por Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta.
Ainda segundo o senador gaúcho, a interrupção dos trabalhos da CPI até o início de outubro constitui “óbvia manobra” para que não haja mais tempo de se investigar e de se votar requerimentos que quebrem novos sigilos de “empresas fantasmas” ligadas ao esquema Delta-Cachoeira.
"A CPI está sob forte suspeita. Se a comissão, que recebeu delegação do Poder Legislativo não está atuando a contento, urge que outras instâncias do Senado e da Câmara atuem para evitar que prospere uma condução destinada a sabotar o inquérito", disse.
O senador ressaltou ainda que essas atitudes não representam todo o Congresso e o Senado. "Contrariando recomendações médicas, estou nesta tribuna porque quero salvar a honra do Parlamento. Os membros da CPI que estão participando dessa maioria, que estão agindo dessa maneira, que assumam a responsabilidade, mas que fique claro que estas atitudes vexatórias e humilhantes não são do Congresso Nacional, não são do Senado ", avaliou.
Com informações da Agência Senado