Jornal Estado de Minas

MP ampliará investigação com dados da CPI do Cachoeira

Gabriel Mascarenhas
Com a CPI do Cachoeira paralisada até o fim das eleições, o Ministério Público Federal pedirá as informações discutidas pelos parlamentares até agora para dar continuidade à investigação sobre a atuação da quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira. O MP está terminando de analisar a lista dos documentos de que não dispõe para solicitá-los à comissão até o início da semana que vem.

O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), adiantou que aguarda apenas a chegada do pedido oficial para compartilhar a documentação produzida pelos parlamentares, como o conteúdo dos depoimentos e as quebras de sigilo de empresas e pessoas físicas suspeitas de terem ligação com a organização criminosa. “Assim que receber esse requerimento, vou pedir apenas uma nota técnica à minha assessoria e emitir tudo o que foi pedido. Não há nenhum empecilho para fazer isso”, afirmou o senador.

A tendência é que os procuradores da República, ao terem acesso às informações, peçam novas quebras de sigilo, sobretudo de empresas fantasmas suspeitas de serem abastecidas com recursos da Delta Construções, da qual Carlinhos Cachoeira era sócio oculto, de acordo com a Polícia Federal. Como o MP deu a largada à apuração, que originou a própria CPI, os procuradores querem saber até onde a comissão avançou.

A iniciativa foi acertada na terça-feira entre o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e os procuradores do MP em Goiânia, Daniel Rezende e Léa Batista, responsáveis pelas investigações que resultaram nas operações Monte Carlo e Vegas e, consequentemente, na prisão de Carlinhos Cachoeira e seus aliados, em fevereiro deste ano. “Da CPI, eu não espero mais nada. A investigação acabou. O MP vai fazer o que a CPI, por diversos motivos, se recusou a fazer. A partir de agora, a expectativa é de que a Delta e outros envolvidos com os negócios de Cachoeira sejam indiciados, mas a pedido do MP”, afirmou Randolfe Rodrigues.

De acordo com o senador, a ida dele a Goiânia ocorreu para manifestar a preocupação de um grupo de parlamentares que integram a CPI e que se dizem inconformados com a interrupção dos trabalhos. A CPI tirou férias sob argumento de que o período eleitoral, quando os parlamentares estão envolvidos com as disputas em seus municípios, estava comprometendo a eficiência da investigação.