O senador Jorge Viana (PT-AC) desafiou nesta terça o publicitário Marcos Valério a contar tudo o que sabe sobre o mensalão que, na sua avaliação, teria começado em Minas Gerais com o PSDB e o PFL (como se chamava o DEM), e não com o PT. Viana falou no plenário do Senado para contestar o líder do PSDB senador Alvaro Dias (PR), que acusava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de manter "um silêncio ensurdecedor" diante da suposta denúncia de Valério, publicada pela revista Veja, de que ele seria "o chefe" do mensalão. O senador do Acre pôs em dúvida a veracidade das afirmações atribuídas a Valério, principal operador do mensalão.
"Queria muito que o senhor Marcos Valério viesse falar nos canais de televisão, nos jornais, não a partir de aspas inventadas, mas de sua própria voz contando a origem dessa organização de desviar partidos e base aliada", afirmou. "Eu particularmente gostaria que Marcos Valério falasse à Nação, certamente, ele não traria mais uma versão e, sim, talvez, a realidade dos fatos...se Marcos Valério falasse, se ele viesse a falar seria muito bom para o Brasil", reiterou.
Jorge Viana retomou a tese, derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de que seu partido é vítima e não o responsável pelo esquema do mensalão. "Essa intolerância da elite brasileira com o PT está institucionalizada, é real. Eles não aceitaram o governo do presidente Lula por oito anos, eles engoliram mal e porcamente".
"Eu sigo confiando (no STF), mas vamos deixar a mais alta Corte do Brasil julgar com a independência que ela precisa ter. Não vamos fazer esse jogo de tentar a manipulação da opinião pública. Não funcionou uma vez. Tentaram duas vezes, tentaram três e agora estão achando que estão conseguindo algo", completou.
Ao responder ao petista, o senador Alvaro Dias disse que o PT teria prevaricado ao não denunciar o que ocorreu em Minas Gerais "se é que ocorreu". "Não houve denúncia. O procurador não teve o privilégio de engavetar, porque à época, a denúncia não ocorreu". O tucano lembrou que a denúncia do mensalão em Minas Gerais surgiu na esteira, na repercussão e do impacto provocado pelo mensalão do PT em 2005.