Brasília – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta quinta-feira que não vê motivação política no adiamento da análise sobre os crimes de corrupção ativa na Ação Penal 470, conhecida como processo do mensalão. A mudança foi anunciada ontem (19), quando o relator da ação, ministro Joaquim Barbosa, optou por subdividir o sexto capítulo, que trata da compra de apoio político entre 2003 e 2004.
Com a subdivisão, o julgamento dos crimes de corrupção ativa deve começar no dia 1º de outubro, mesma semana do primeiro turno das eleições municipais. Figuram nesta etapa os réus do grupo do publicitário Marcos Valério e alguns políticos do PT.
“Não acho que influencia. A Corte está fazendo um julgamento, teria que fazer em algum momento, e o país está maduro o suficiente para não ter qualquer impacto”, disse Gurgel, durante sessão desta tarde no Supremo Tribunal Federal (STF).
Gurgel ainda relativizou as críticas de que Barbosa vem atuando como acusador no processo, condenando a maioria dos réus com duros votos. “Ele está apreciando e julgando com a isenção que é característica de cada magistrado. Apenas que ele acolhe alegações da denúncia e das alegações finais, e isso é absolutamente natural porque estão amparadas na prova dos autos”, justificou Gurgel.
O procurador ainda disse que está satisfeito com o julgamento e, que, caso as condenações sejam confirmadas, esse será um marco para a história do país. “Certas práticas, infelizmente muito frequentes na política brasileira, tendem a ser reduzidas, ou a despertar preocupação ou temor maior das pessoas que desempenham essas práticas”.