Dirigentes do PMDB também condenaram a atitude do presidente do partido, senador Valdir Raupp (RO), de assinar a nota em defesa de Lula. "Ele (Raupp) puxou para o colo do PMDB o mensalão. Nós não temos nada com isso", argumentou um peemedebista. Na época do mensalão, o PMDB não era da base de apoio do governo Lula. "O PMDB era de oposição e depois do mensalão é que o governo veio atrás da gente", observou outro integrante do partido. "O Raupp renegou fatos históricos ao tomar uma posição dessas e assinar a nota sem nos consultar."
Segundo um parlamentar peemedebista, o presidente do PT, Rui Falcão, teria pego Raupp de surpresa com a nota já assinada pelos outros cinco partidos. Sem saída, Raupp chancelou a "Carta à Sociedade" e, depois, comunicou o vice-presidente da República Michel Temer, sobre o documento de solidariedade a Lula. "O Raupp não teve capacidade de reagir", reclamou um peemedebista.
Na nota, os presidentes de seis partidos - PT, PSB, PMDB, PC do B, PDT e PRB - atacam o que chamam de "forças conservadoras" que estariam dispostas a "qualquer aventura" e falam em "práticas golpistas". A manifestação foi organizada em meio à série de revezes no Supremo Tribunal Federal e à possibilidade de o ex-ministro José Dirceu vir a ser condenado às vésperas das eleições municipais de 7 de outubro.
O texto da nota foi articulado pelo próprio Lula. Ele fez essa sugestão ao participar de ato de campanha de Fernando Haddad no último domingo, no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo. Declarações atribuídas ao publicitário Marcos Valério pela revista Veja, naquele fim de semana, jogaram Lula no centro da crise, apontando-o como chefe do mensalão.