O produtor Luiz Carlos Barreto, o Barretão, disse nesta segunda que está preocupado com o "transcorrer das coisas" e a "garantia dos direitos individuais" no julgamento do mensalão. "Analisando bem, eu me sinto ameaçado como cidadão", afirmou Barretão, que questiona o que chamou de prevalência da presunção em detrimento de provas materiais.
Amigo do ex-ministro José Dirceu, o cineasta tomou a iniciativa de colher assinaturas em um documento que, segundo ele, será encaminhado aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nos próximos dias. "Não é um manifesto, é uma manifestação", acrescentou. Barretão disse que o documento será impessoal. Portanto, não haverá menção a nenhum dos réus do processo do mensalão. "Não estamos falando de Zé Dirceu nem pedindo a absolvição de réu nenhum."
Segundo Barretão, o documento reúne cerca de 200 assinaturas de pessoas preferencialmente dos meios artístico e intelectual, como Eric Nepomuceno, Oscar Niemeyer, Tizuka Yamasaki, Flora Gil Jorge Mautner, Alceu Valença, Antonio Pitanga, Bruno Barreto e Luiz Carlos Bresser Pereira.
Ele disse que o documento ainda não está acabado. "Estamos recebendo adesões e sugestões." O cineasta frisou que o texto manifesta a confiança de que os ministros estarão atentos à preservação dos direitos constitucionais. "É um documento que reafirma a confiança no espírito democrático dos juízes encarregados do julgamento. Não tem nenhum sentido de confronto ou desafio."
Para Barretão, chamar o texto de manifesto é uma incorreção. "Parece até que estamos clandestinamente nos organizando, como se fosse na ditadura. É um documento que não tem caráter de manifesto, de inquirir. Não estamos nos opondo a nenhuma ideia." Segundo ele, "coincidências" não podem ser confundidas com provas. "Reunindo coincidências daqui e dali pode-se constituir um ato de ofício."