A situação do deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), acusado de ter participado do escândalo do mensalão, ficou ontem mais complicada depois que o revisor da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, votou por sua condenação pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O parlamentar – que à época era presidente do Partido Liberal (PL) – teria recebido mais de R$ 10,8 milhões em repasses do esquema operado pelo empresário Marcos Valério. Lewandowski acompanhou o entendimento do relator, ministro Joaquim Barbosa. Com os dois votos contrários, dificilmente Valdemar se livrará da condenação. Além de Costa Neto, o revisor condenou pelos três crimes o então tesoureiro do PL, Jacinto Lamas (veja quadro).
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Cineasta faz abaixo-assinado para questionar mensalãoAécio é cauteloso sobre uso do mensalão na campanhaPresidente do PT minimiza impacto do mensalão nas urnasJulgamento do mensalão é retomado com leitura sobre pagamentos a parlamentaresComissão sabatina Zavascki, novo ministro do STFLewandowski votou ainda pela condenação do sócio da Corretora Bônus-Bonval Enivaldo Quadrado pelos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. De acordo com a denúncia da Procuradoria, vários recursos enviados ao PL foram repassados por meio de instituição financeira, mas foram sacados e transferidos pelo ex-tesoureiro Jacinto Lamas e repassados a Costa Neto. No entanto, para o revisor, não ficou comprovada a participação do sócio de Quadrado na corretora, Breno Fishberg , absolvido da acusação dos dois crimes, por falta de provas. Outro absolvido por ausência de comprovação de três crimes – corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha – foi o então deputado Pedro Henry, acusado de ter recebido R$ 700 mil do esquema de pagamento de propinas em troca de apoio político ao primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O relator apresenta, na sessão de amanhã seu voto em relação ao restante do item referente ao núcleo político do mensalão, que reúne 23 réus. Até agora, ele analisou a conduta de nove acusados de participar do esquema. Na quinta-feira, o ministro-relator do mensalão, Joaquim Barbosa, acolheu a versão da acusação e votou pela condenação de 12 réus em razão dos repasses ilegais feitos pelas empresas de Valério aos partidos da base aliada. Ele absolveu Antônio Lamas, irmão de Jacinto Lamas, o então tesoureiro do PP. A conduta dos demais réus desse item só será analisada depois da apresentação do voto do restantes do ministros da Corte.
O voto do revisor
» Valdemar Costa Neto (PL-SP, atual PR)
Condenado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Acusação: Ex-presidente do Partido Liberal (PL) teria recebido mais de R$ 10 milhões em repasses do esquema operado por
Marcos Valério.
» Jacinto Lamas
Condenado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Acusação: Então tesoureiro do PL, foi acusado de intermediar os saques dos recursos repassados pelo PT ao seu partido.
» Antônio Lamas
Absolvido das acusações de crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Acusação: Irmão do tesoureiro Jacinto Lamas, teria participado de um saque em favor do PL.
» Enivaldo Quadrado
Condenado por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Acusação: Como proprietário da corretora Bônus-Banval, auxiliou o esquema do repasse de recursos do PT ao PL.
» Bruno Fishberg
Absolvido da acusação de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Acusação: Recursos do PT teriam sido repassados a parlamentares do PL por meio de Corretora Bônus-Baval, na qual era sócio, ao lado de Enivaldo Quadrado.
» Pedro Henry (PP-MT)
Absolvido das acusaões de crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Acusação: Deputado do PP é acusado de receber R$ 700 mil por intermédio do PP, com recursos repassados pelo PT.
» Pedro Corrêa
Condenado pelos crimes de corrupção passiva e formação de quadrilha. Absolvido da acusação de lavagem de dinheiro.
Acusação: Presidente do PP, negociou com o PT o repasse de R$ 3 milhões por meio do empresário Marcos Valério.
» João Cláudio Genu:
Condenado por Corrupção passiva e formação
de quadrilha.
Absolvido de acusação de lavagem de dinheiro.
Acusação: Ex-tesoureiro do PP, teria participado dos saques dos recursos destinados aos parlamentares do seu partido.
» Bispo Rodrigues
Condenado por corrupção passiva.
Absolvido da acusação de lavagem de dinheiro.
Acusação: Ex-deputado, como vice-líder do PP e líder na bancada evangélica da Câmara teria recebido repasse do PT no valor de R$ 150 mil.