“Durante todo o processo ele não conversava com ninguém. Mesmo quando a crise aprofundou-se, eu disse a ele que deveria estar preparado porque poderia ter que assumir a Presidência da República. Itamar foi taxativo: "Não, isso não é assim e o governo vai saber sair disso”, relatou Hargreaves à Agência Brasil.
Em 2 de outubro daquele ano, ao assumir provisoriamente a Presidência da República em decorrência do pedido de afastamento do então presidente Collor, Itamar permaneceu no gabinete da Vice-Presidência. A partir da tramitação do processo de impeachment no Senado, já autorizado pela Câmara, ele “se fechou” ainda mais com seus assessores.
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Henrique Hargreaves lembrou, ainda, dos momentos cruciais para Itamar Franco, logo após a queda definitiva de Collor, em 29 de dezembro de 1992. De imediato ele convocou todos os presidentes dos partidos políticos para uma reunião no Palácio da Alvorada. Na conversa, acompanhada por Hargreaves, ele disse que não buscou a Presidência e, caso os partidos não lhe garantissem a governabilidade até a eleições presidenciais de 1994, convocaria eleições gerais de imediato.
Hargreaves recordou que o mesmo pedido foi feito por Itamar, em uma segunda ocasião, aos líderes partidários do Congresso. “Nessa reunião, o próprio Lula disse que a governabilidade estaria garantida. Isso não teve como esticar muito. Tinha que ser resolvido com urgência.”
Na composição do seu governo, o já presidente do mandato tampão de dois anos dividiu os 12 ministérios entre os partidos que aceitaram integrar sua base parlamentar e buscou nessas legendas nomes “dentro do perfil” de cada pasta. Ele manteve em sua cota pessoal, além dos ministros com assento na Presidência, como Casa Civil e Secretaria-Geral, os ministérios da área econômica, os militares, o da Saúde e o da Educação.