Jornal Estado de Minas

Ações do governo federal dão munição extra para campanha de Haddad

Depois da arrancada nas pesquisas, petista briga para chegar ao segundo turno

Paulo de Tarso Lyra
Fernando Haddad em campanha pela prefeitura paulistana - Foto: Daniel Teixeira/Ae
A três dias das eleições, duas ações do governo federal poderão incrementar o discurso do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, determinou às universidades federais que a nova lei de cotas deve valer para o primeiro vestibular de 2013. Já a presidente Dilma Rousseff publicou ontem no Diário Oficial o Brasil Carinhoso, programa que assegura um mínimo de R$ 70 mensais por pessoas de famílias com crianças de até 6 anos em extrema pobreza.

As duas bandeiras chegam na hora apropriada para que o PT tenha um discurso ainda mais contundente na periferia paulistana — zonas Leste e Sul —, onde estão concentrados 63% do eleitorado. Os tucanos criticaram as medidas. “É como o Serra tem dito: eles não se cansam de usar a máquina em proveito próprio. Seja anunciando medidas novas ou nomeando ministros”, protestou o coordenador de mobilização da campanha do PSDB, deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP), referindo-se à indicação de Marta Suplicy para o Ministério da Cultura. A nomeação seria uma forma de convencer Marta a apoiar Haddad.

Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), as acusações de uso eleitoreiro não passam de desespero da campanha de José Serra diante da possibilidade de ficar fora da disputa: “Haddad vai para o segundo turno pelos seus próprios méritos. A oposição não pode achar que a presidente Dilma tem de abrir mão de governar. São medidas meramente administrativas”.

O fato é que a queda acentuada do candidato do PRB, Celso Russoman nas pesquisas acirrou a disputa de petistas e tucanos pelo eleitorado ainda indeciso.

Massacre

Aliados do candidato do PRB atribuem a queda ao “massacre” contra ele nas últimas semanas, quando se tornou alvo preferencial de tucanos e petistas. Mas ainda apostam numa reversão do cenário, lembrando que, sem o horário eleitoral gratuito, o impacto dos ataques tende a diminuir. Além disso, Russomanno intensificou a campanha de rua e, segundo seus marqueteiros, ele “é muito forte no corpo a corpo”.

Integrantes das equipes das campanhas de Serra e Haddad, no entanto, mapearam o ritmo de queda do eleitorado antes disposto a votar em Russomanno e veem um quadro bastante complicado para o candidato do PRB. “As perdas dele (Russomanno) estão sendo diluídas pelos três candidatos. Chalita (Gabriel Chalita, do PMDB) tem sido o principal beneficiado, mas Haddad e Serra também têm herdado esses eleitores”, declarou o coordenador da campanha do PT, Antonio Donato.

Para Donato, Haddad tem “beliscado” o eleitorado que estava com Russomanno na periferia. Já Serra e Chalita estariam tendo mais êxito na região central da capital e nas áreas nobres. Essa mapeamento seria importante, segundo o petista, para traçar uma estratégia de segundo turno. Já o coordenador da campanha de Serra, deputado estadual Edson Aparecido, percebe o tucano forte no chamado centro estendido — que vai até as margens da periferia dominada pelo PT. Aparecido não acha impossível a eleição de Serra, mesmo com uma rejeição de 45% medida pelos institutos de pesquisa.

Petista diz que lula faz milagres


Vice-presidente nacional do PT, o deputado federal José Guimarães (CE) disse ontem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não é Deus, mas faz até milagre” nas eleições municipais. A declaração foi dada em resposta ao ex-ministro Ciro Gomes (PSB), que criticou o que considerou participação excessiva do petista na campanha de Elmano de Freitas (PT) à Prefeitura de Fortaleza. “Isso (críticas) não altera em nada o quadro. Agora, Lula não é Deus, mas ele faz até milagre", ironizou. Para Guimarães, que é irmão do ex-presidente do PT e réu do mensalão José Genoino, Lula é um grande reforço, mas Freitas, que é apadrinhado pela prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), é um "jovem talentoso". As pesquisas indicam que Freitas e Roberto Claudio (PSB) estão empatados na corrida pela prefeitura, com 23% das intenções de voto cada um.