As duas bandeiras chegam na hora apropriada para que o PT tenha um discurso ainda mais contundente na periferia paulistana — zonas Leste e Sul —, onde estão concentrados 63% do eleitorado. Os tucanos criticaram as medidas. “É como o Serra tem dito: eles não se cansam de usar a máquina em proveito próprio. Seja anunciando medidas novas ou nomeando ministros”, protestou o coordenador de mobilização da campanha do PSDB, deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP), referindo-se à indicação de Marta Suplicy para o Ministério da Cultura. A nomeação seria uma forma de convencer Marta a apoiar Haddad.
Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), as acusações de uso eleitoreiro não passam de desespero da campanha de José Serra diante da possibilidade de ficar fora da disputa: “Haddad vai para o segundo turno pelos seus próprios méritos. A oposição não pode achar que a presidente Dilma tem de abrir mão de governar. São medidas meramente administrativas”.
O fato é que a queda acentuada do candidato do PRB, Celso Russoman nas pesquisas acirrou a disputa de petistas e tucanos pelo eleitorado ainda indeciso.
Massacre
Aliados do candidato do PRB atribuem a queda ao “massacre” contra ele nas últimas semanas, quando se tornou alvo preferencial de tucanos e petistas. Mas ainda apostam numa reversão do cenário, lembrando que, sem o horário eleitoral gratuito, o impacto dos ataques tende a diminuir. Além disso, Russomanno intensificou a campanha de rua e, segundo seus marqueteiros, ele “é muito forte no corpo a corpo”.
Integrantes das equipes das campanhas de Serra e Haddad, no entanto, mapearam o ritmo de queda do eleitorado antes disposto a votar em Russomanno e veem um quadro bastante complicado para o candidato do PRB. “As perdas dele (Russomanno) estão sendo diluídas pelos três candidatos. Chalita (Gabriel Chalita, do PMDB) tem sido o principal beneficiado, mas Haddad e Serra também têm herdado esses eleitores”, declarou o coordenador da campanha do PT, Antonio Donato.
Para Donato, Haddad tem “beliscado” o eleitorado que estava com Russomanno na periferia. Já Serra e Chalita estariam tendo mais êxito na região central da capital e nas áreas nobres. Essa mapeamento seria importante, segundo o petista, para traçar uma estratégia de segundo turno. Já o coordenador da campanha de Serra, deputado estadual Edson Aparecido, percebe o tucano forte no chamado centro estendido — que vai até as margens da periferia dominada pelo PT. Aparecido não acha impossível a eleição de Serra, mesmo com uma rejeição de 45% medida pelos institutos de pesquisa.
Petista diz que lula faz milagres
Vice-presidente nacional do PT, o deputado federal José Guimarães (CE) disse ontem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não é Deus, mas faz até milagre” nas eleições municipais. A declaração foi dada em resposta ao ex-ministro Ciro Gomes (PSB), que criticou o que considerou participação excessiva do petista na campanha de Elmano de Freitas (PT) à Prefeitura de Fortaleza. “Isso (críticas) não altera em nada o quadro. Agora, Lula não é Deus, mas ele faz até milagre", ironizou. Para Guimarães, que é irmão do ex-presidente do PT e réu do mensalão José Genoino, Lula é um grande reforço, mas Freitas, que é apadrinhado pela prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), é um "jovem talentoso". As pesquisas indicam que Freitas e Roberto Claudio (PSB) estão empatados na corrida pela prefeitura, com 23% das intenções de voto cada um.