Jornal Estado de Minas

Lewandowski é voz dissonante no julgamento do mensalão

O ministro Ricardo Lewandowski confirmou nessa quinta-feira a postura de líder da divergência no processo do mensalão ao absolver o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu de corrupção ativa. Uma posição minoritária nos momentos cruciais. Foi assim no julgamento das acusações contra o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha (PT-SP) e na proposta de desmembramento do processo de forma que parte dos autos fosse remetida à primeira instância, medida benéfica para réus à beira da condenação.
Há uma sinalização no plenário de que o mesmo ocorrerá em relação a Dirceu e ao ex-presidente do PT José Genoino. Durante mais de duas horas, Lewandowski, revisor do processo, justificou em minúcias por que deveria absolver Dirceu. “Não descarto que José Dirceu seja o mentor da trama, mas esse fato não encontra ressonância nos autos”, disse.

O revisor repetiu várias vezes que não há provas contra Dirceu e, em vários momentos, atacou a Ação Penal 470, ao dizer que em mais de 60 mil páginas não foi possível comprovar as acusações de corrupção ativa contra o ex-ministro. “A peça acusatória é de uma atecnia gritante”, afirmou. “As provas da defesa são ‘torrenciais’ e avassaladoras”, apontou.

Tuitadas Durante a sessão de ontem, Evanise Santos, mulher de Dirceu, participou da discussão sobre o julgamento pelo Twitter. Ela se manifestou freneticamente. “Só vale o depoimento do Roberto Jefferson. Se a palavra dele vale mais do que vários outros depoimentos, acho que estou vivendo no país errado”, disse.

Dirceu também demonstrava apreensão. Em e-mail enviado ao advogado dele, José Luís de Oliveira Lima, ontem às 12h30, duas horas antes do início da sessão, o ex-ministro disse: “Dou a mão à palmatória. Mas vamos hoje para o mérito”.