Em outubro de 2005, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares disse que as denúncias do mensalão seriam esquecidas e que iriam virar “piada de salão”. O prognóstico não se confirmou. As revelações do escândalo materializaram-se no processo do mensalão e Delúbio vai ser condenado nesta terça-feira pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa. A dúvida é se a punição será decidida por unanimidade.
Para o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, Delúbio era o executor do esquema, comandado por Dirceu. Os ministros Luiz Fux e Rosa Weber consideraram impossível o ex-tesoureiro ter atuado sem respaldo superior. “Não é possível acreditar que Delúbio sozinho teria comprometido o PT com dívida na ordem de R$ 55 milhões. Para mim, existe prova acima do razoável de que Delúbio não agiu sozinho”, disse Rosa Weber.
Único a dar a Delúbio papel de destaque, o ministro Ricardo Lewandowski, revisor da ação, descreveu-o como “personagem onipresente” da ação. Mas diferiu dos colegas ao não encontrar provas de que a dupla agia a mando de Dirceu e Genoino. “Marcos Valério (o “operador” do mensalão) e Delúbio Soares são os dois grandes articuladores deste esquema criminoso e de repasse de verbas a políticos para os mais diversos fins: apropriação pessoal, para fins eleitorais e, talvez, pode ser até para compra de consciência em algum caso.”
Na instrução do processo, a defesa de Delúbio insistiu na tese de que ele, no máximo, cometeu crime de caixa 2 ao repassar recursos aos aliados. Esse crime estaria prescrito e não foi denunciado.