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Estado de Minas

Deputado tucano destaca 'amizade' com Cachoeira em depoimento na CPI


postado em 09/10/2012 20:39 / atualizado em 09/10/2012 20:47

Na retomada dos trabalhos suspensos por mais de um mês, a CPMI do Cachoeira ouviu o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), flagrado em mais de 100 ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira. O deputado passou boa parte de seu depoimento falando da amizade que mantém desde 1987 com Cachoeira. Ele atribuiu a essa convivência o fato de ter recebido do contraventor um aparelho Nextel e dinheiro a "título de "empréstimo".

"Se é amigo meu, é para andar comigo em qualquer lugar, mantive e mantenho relacionamento de amizade com Cachoeira", alegou. "Seria hipocrisia da minha parte dizer que mal o conheço, mesmo se ele tiver cometido erros, não vou deixar de ser seu amigo".

O deputado Doutor Rosinha (PT-PR) leu trechos de grampos feitos pela Polícia Federal da conversa entre Cachoeira e o tesoureiro do esquema, Geovani Pereira da Silva, no qual eles acertam a entrega de valores mensais para Leréia. Em uma ocasião, o valor de R$ 20 mil, teria sido entregue ao parlamentar embrulhado num jornal. "Se tiver um saquinho aí, alguma coisa, um jornal", sugere o contraventor ao dizer ao tesoureiro, que está foragido, como disfarçar o montante entregue a Leréia num restaurante.

Doutor Rosinha disse que os repasses mensais somam R$ 100 mil. Leréia disse que se tratava do empréstimo de R$ 120 mil "parcelado", que recebeu de Cachoeira para suprir um compromisso depois de ter um empréstimo bancário bloqueado. "Eu devo R$ 120 mil a Cachoeira", afirmou.

Quanto às outras gravações mostrando seu envolvimento com o grupo, ele respondia que o diálogo grampeado estava "fora do contexto". Já o Nextel, disse que recebeu de Cachoeira quando viajou com a família para os Estados Unidos e para reforçar o estoque de cinco aparelhos semelhantes que disse ter comprado no Brasil em seu nome. Leréia disse que devolveu o aparelho "dois ou três meses depois".

Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), o depoimento em nada contribuiu para as investigações da CPI. "O que ficou patente foi a ideia de considerar normal a relação com uma organização criminosa", criticou.

O depoimento que tentou "ressuscitar" a CPI evidenciou a possibilidade de a investigação acabar em pizza. A reunião marcada para esta quarta para discutir os rumos da CPMI foi adiada para a próxima semana e em nenhum momento o relator, Odair Cunha (PT-MG) se mostrou favorável aos pedidos de prorrogar os trabalhos por mais três meses. O relator respondeu que somente no prazo final dos trabalhos, dia 4 de novembro, é que vai avaliar se há ou não necessidade de mais tempo para concluir as investigações.


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