Brasília – Condenado por corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e às vésperas de ser julgado por formação de quadrilha, o ex-chefe da Casa Civil e ex-todo-poderoso no PT José Dirceu teve, na quarta-feira, em São Paulo, possivelmente, uma das últimas homenagens públicas do partido que comandou durante anos. Durante reunião do Diretório Nacional, Dirceu — e o ex-presidente José Genoino, também condenado no STF — foram ovacionados. Ele traçou diretrizes e orientou os companheiros a empenharem-se nas eleições municipais. Em especial, na vitória de Fernando Haddad em São Paulo. “Foi mais solidariedade do que reverência ou sentimento de viuvez”, disse ao Estado de Minas um petista que integra a máquina partidária.
Ao lado do atual presidente, Rui Falcão, Frateschi é visto como um nome que pode ganhar peso na estrutura da legenda. A situação de Falcão, contudo, é mais ambígua. Ele chegou à presidência do PT por uma convergência de fatores que permitiram a um petista de uma corrente minoritária ter o apoio do principal grupo, o Construindo um Novo Brasil (CNB). “Ele não é unanimidade. Se conseguir, durante sua gestão, eleger Fernando Haddad prefeito de São Paulo, ganha força para continuar no cargo depois de novembro do ano que vem”, avaliou um interlocutor do partido.
Governadores Outra alternativa é, aproveitando-se do “espraiamento” do PT, como afirmou Frateschi, que novos líderes regionais passem a assumir o papel que antes era centrado em Dirceu. Nomes como os dos governadores Tarso Genro (Rio Grande do Sul) e Jaques Wagner (Bahia) podem ganhar destaque. O problema é que esses movimentos dependem de avaliações positivas nas respectivas gestões. Wagner não está tão bem avaliado e Genro tem direito a concorrer à reeleição em 2014.
Memória
Timoneiro na berlinda
José Dirceu foi o grande responsável pelas articulações que moldaram a imagem do até então intransigente sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva em uma figura mais simpática, com forte apelo popular, que venceu as eleições presidenciais de 2002. Dobrou os radicais do partido à aliança com o PL de Valdemar Costa Neto — outro condenado no mensalão — e do ex-vice-presidente José Alencar. Também foi o grande comissário da onda vermelha que assegurou a maior bancada do PT na história da Câmara. Esse Dirceu não existe mais. Segundo petistas ouvidos pelo Estado de Minas, desde 2005, quando o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) afirmou que, além do PT e da Casa Civil, Dirceu também comandava uma quadrilha criada para comprar apoio político ao governo Lula, o grande líder foi diminuindo de tamanho. Ainda naquele ano, ocorreu o primeiro ataque duro: Tarso Genro queria refundar a legenda. O grupo de Dirceu conseguiu segurar o movimento. Ganhou tempo, não espaço. De lá para cá, as decisões passaram a ser colegiadas. Os presidentes que sucederam a José Genoino no comando partidário trocaram apoios mútuos e fizeram gestões integradas. Os petistas aprovaram as presidências de Ricardo Berzoini e de José Eduardo Dutra, sempre auxiliados por José Eduardo Cardozo, que hoje ocupa o Ministério da Justiça. (PTL)