Leia Mais
Com o enfraquecimento de José Dirceu, PT começa a passar por rearranjo de forçasPMDB fecha acordo com o PT em seis cidadesPMDB oficializa apoio ao petista Fernando HaddadPMDB precisa aparar arestas antes de apoiar PT em São Paulo Senador petista diz que eleições municipais frustraram quem esperava fracasso do PTEmbates entre aliados da base de DilmaEmbora setores do PT defendam reservadamente a volta de Lula, a tendência é a candidatura de Dilma. “A única possibilidade de eu voltar ao governo seria se Dilma não quisesse se reeleger. Não posso permitir que um tucano volte a governar”, disse o ex-presidente, em maio, no Programa do Ratinho, transmitido pelo SBT. Lula não mudou de ideia desde então. Até hoje, repete o mantra a dirigentes de partidos.
Em São Paulo, Lula e Temer fecharam o acordo que selou o apoio de Gabriel Chalita, candidato derrotado do PMDB, à campanha de Haddad, contra José Serra (PSDB). O PMDB nega moeda de troca eleitoral, mas o pacote da adesão prevê a transferência do deputado Chalita para um ministério. Ele deverá ganhar um cargo na Esplanada quando Dilma fizer a reforma na equipe, no início de 2013, levando em conta a nova configuração das urnas. Chalita já gravou mensagem para Haddad na propaganda de TV. Sua missão, agora, é atrair votos dos católicos.
Exigência
O presidente do PMDB paulista, Baleia Rossi, admite que o pano de fundo para a união com o PT nos embates municipais é a sucessão no Planalto. “Nosso projeto é nacional. Temos como objetivo manter essa aliança vitoriosa”, afirmou Rossi. “A primeira exigência na costura das parcerias pelo Estado é o apoio à candidatura de Dilma, em 2014”, emendou o presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva.
O PMDB controla hoje 5 dos 39 ministérios (Minas e Energia, Previdência, Agricultura, Turismo e Assuntos Estratégicos), mas avalia que precisa de pastas com mais visibilidade política. Além disso, os números mostram que o partido de Temer é mais fiel do que o PT e seu principal parceiro em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País.
Com finalistas para o segundo turno em 16 cidades, que reúnem 5 7 milhões de eleitores, o PMDB conta com apoio dos petistas em apenas cinco (Sorocaba, Florianópolis, Campina Grande, Guarujá e Volta Redonda). O número, porém, pode crescer, pois o PT ainda não se posicionou em Joinville, Cariacica e Uberaba.
Em Natal, os petistas não se uniram ao candidato do PMDB, Hermano Morais, e decidiram dar “apoio crítico” ao concorrente do PDT, Carlos Eduardo Alves. A capital do Rio Grande do Norte integra uma lista de pelo menos 16 cidades onde o PT e o PMDB estão em campos opostos, mas não necessariamente com candidatos em confronto direto.
“A campanha em Natal terá a neutralidade de Dilma e de Lula. Nós agradecemos muito esse gesto”, disse o deputado Henrique Eduardo Alves, presidente do PMDB-RN e líder do partido na Câmara. Alves é primo de Carlos Eduardo, mas ambos estão rompidos. Em fevereiro, Alves deverá assumir a presidência da Câmara. E o comando do Senado pode voltar às mãos de Renan Calheiros (PMDB-AL), que renunciou ao cargo, em 2007, acuado por uma série de denúncias.
Dilma avisou aos parlamentares do PT que o acordo feito com o PMDB para dar ao partido de Temer a direção das duas Casas terá de ser cumprido. “Nós temos palavra”, afirmou a presidente, mandando recado aos petistas insatisfeitos. “A fotografia de hoje é essa, muito nítida. Se vai mudar eu não sei, mas tudo indica que o retrato será o mesmo”, previu Alves.
Fichas
Apesar de presidir o PSB, partido que mais cresceu até agora nas eleições, Eduardo Campos nega que suas articulações sejam para enfrentar Dilma. Enciumado, o PMDB avalia que o governador quer desbancar Temer da vice, em 2014, para se lançar ao Planalto, em 2018. Nos bastidores, o comentário é de que Campos “joga com fichas terceirizadas”. É uma provocação à aliança do prefeito reeleito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), com Aécio. Na capital de Minas, o PMDB desistiu da candidatura própria, a pedido de Dilma, para patrocinar Patrus Ananias (PT), que perdeu.
No Rio, o caminho foi inverso: o PT abriu mão da cabeça de chapa e apoiou a reeleição de Eduardo Paes (PMDB). Em Salvador, porém, o PT do governador Jaques Wagner e o PMDB do ex-ministro Geddel Vieira Lima vivem às turras. Lá, os peemedebistas não chegaram ao segundo turno.
Agora, o mais forte polo de articulação da dobradinha PT-PMDB está em São Paulo. Além de endossar Haddad, Temer atuou para o PMDB avalizar Márcio Pochmann (PT) em Campinas e impediu a adesão a Jonas Donizette (PSB), discípulo do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Nas negociações, o PMDB acertou com Lula e Dilma a gravação de mensagens de apoio a seus principais candidatos no horário gratuito.