A campanha do candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, pretende levar a disputa municipal para além das fronteiras paulistanas com a ajuda dos prefeitos eleitos pelo PSDB e pelos partidos que apoiam a candidatura tucana no segundo turno - PSD, DEM, PR, PV, PDT, PTB e PPS. De acordo com o coordenador da campanha de Serra, deputado federal Edson Aparecido, a investida se justifica porque "todo mundo no interior conhece alguém ou tem um parente em São Paulo". "É algo que soma (à campanha). É uma campanha sem o candidato", descreveu o deputado.
Em evento realizado na sede do PSDB na Capital paulista, na região central da cidade, cerca de 80 prefeitos eleitos receberam uma cartilha explicando como eles poderiam ajudar o candidato Serra a se eleger. É sugerido que os prefeitos manifestem seu apoio ao tucano em entrevistas para a imprensa local, que escrevam artigos relatando a importância da eleição paulistana, que recomendem o candidato na internet - em suas páginas próprias e nas redes sociais - e que façam eventos em rodoviárias com ônibus que partam para São Paulo, e coloquem cavaletes e outros materiais próximos às vias de acesso a Capital. "Isso cria um clima de fora para dentro (da cidade) e pode influenciar os votos", avaliou o deputado.
Aparecido destacou a importância das cidades na região metropolitana de São Paulo - "algumas cidades são tão próximas que de um lado da rua é uma e da outra é São Paulo" - e da região litorânea do Estado, com destaque para Santos e o litoral norte. A indicação da coordenação é que os prefeitos do litoral façam eventos para promover o candidato tucano nos fins de semana. "É hábito de muitos paulistanos ir para a praia no fim de semana", disse.
Além dos prefeitos, a reunião contou com a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito Gilberto Kassab (PSD), que discursaram pedindo engajamento dos presentes.
Mensalão
Tanto Alckmin quanto Kassab citaram o mensalão, dizendo ser "natural" que o tema apareça na campanha. Para Kassab, o tema está sendo abordado pela própria "sociedade" e que, portanto, é "natural" que seja levada às eleições. "Seria estranho se não fosse abordado pelos dois candidatos", avaliou o prefeito.
Já o governador Geraldo Alckmin defendeu que o julgamento do mensalão é um "marco histórico" do País. "O julgamento é importante não por causa da eleição, se dependesse de nós já teria ocorrido (o julgamento) antes. É um marco histórico, é uma mudança cultural no Brasil, uma grande mudança no sentido pedagógico, educativo. O crime do colarinho branco não tinha punição e aí a impunidade estimula o malfeitor", afirmou o governador. Perguntado sobre se o caso conhecido como "mensalão mineiro", suposto escândalo que envolve desvios no financiamento de campanhas do PSDB em Minas Gerais, Alckmin defendeu que seja investigado. "Sou favorável a todas as investigações, a toda a transparência. Luz do sol sobre tudo", afirmou.
Indagado por jornalistas sobre o material anti-homofobia distribuído pelo Estado - que gerou polêmica após Serra falar fazer críticas a material semelhante proposto pelo Ministério da Educação quando seu adversário, Fernando Haddad (PT) era ministro - Alckmin negou qualquer semelhança: "O material (do Estado) é para professores e não é para o aluno, tratando de um tema importante que é evitar preconceito e fazer a inclusão".