O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira, durante um minicomício na Lapa, zona oeste da cidade, que a política de privatização "corre na veia" de seu adversário do PSDB, José Serra. "O Serra tem a privatização na veia, a privatização corre na veia do Serra. Foi ele quem vendeu a Light, a Vale do Rio Doce foi ele quem vendeu" disse o petista, numa referência às privatizações realizadas quando Serra foi ministro no governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso.
Haddad usou o argumento da privatização quando questionava o decreto do governo do Estado de São Paulo, barrado na Justiça, que permite a destinação de até 25% dos leitos de hospitais públicos administrados por Organizações Sociais (OS) para o atendimento de pacientes de planos de saúde. "Ele (Serra) quer vender agora 25% dos leitos do SUS (Sistema Único de Saúde)", afirmou o candidato em discurso. Segundo o petista, a implementação dessa medida causaria um colapso na cidade, uma vez que os leitos disponíveis na rede são insuficientes para atender a demanda do sistema de saúde. "Vamos impedir o Serra de vender os leitos", completou.
O petista também comentou a recusa do candidato tucano em assinar um novo documento em que se comprometeria a permanecer na Prefeitura por quatro anos, se eleito, a exemplo do que fez na campanha de 2004. Em entrevista nesta manhã na rádio CBN, Serra disse que foi feito "uma palhaçada" com o documento anterior. "Quem transformou um documento assinado em palhaçada?" alfinetou Haddad. "Nenhum documento que eu assinei na vida virou palhaçada porque eu costumo cumprir com a minha palavra", emendou.
Kit anti-homofobia
Aos jornalistas, Haddad disse que a desinformação em torno do kit anti-homofobia estimula indiretamente a intolerância e a violência. "Quando você desinforma, você cria uma nuvem de insegurança nas pessoas, que é própria de quem quer promover esse tipo de preconceito. Isso que é ruim", comentou. Para o petista - que revelou estar analisando o kit produzido pela Secretaria Estadual da Educação durante a gestão de Serra no governo estadual (2007-2010) -, ao trazer para o debate o conhecido "kit gay", seu adversário não colabora para elevar o nível do debate. "O que o Serra faz não se deve fazer na política: a partir da desinformação se produziu efeitos deletérios para a democracia", avaliou.
Sobre a vinculação de seu nome ao do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção ativa no caso do mensalão, o candidato do PT disse que a estratégia de Serra de "atacá-lo" no lado pessoal "é a que restou a ele" para desviar a atenção do eleitorado. "É uma estratégia que interessa a ele e não a mim. Não posso responder na mesma moeda", ponderou. De acordo com Haddad, associá-lo com os envolvidos no mensalão "é besteira", já que ele e seus auxiliares têm "reputação ilibada". "Não é o caso dele. Ele tem problemas de toda ordem", disparou o petista.
Ao comentar o plano de governo lançado na segunda-feira pelo tucano, Haddad classificou o programa de "carta de intenções". "Não é bem um plano de governo, um plano de governo tem que ter metas e ele não apresentou nenhuma meta", respondeu o petista. "Eles não querem se comprometer com metas porque o Kassab se comprometeu com metas e não cumpriu quase nenhuma", acusou.