Balanço preliminar feito pelo relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), aponta movimentação financeira de R$ 84 bilhões, nos últimos dez anos, entre créditos e débitos de envolvidos na organização criminosa comandada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos. Esse volume de recursos foi detectado nas quebras de sigilo fiscal e bancário de 75 pessoas físicas e jurídicas. Acordo fechado nesta terça entre governo e oposição estabeleceu a prorrogação dos trabalhos da CPI.
"Decidimos por unanimidade prorrogar os trabalhos da CPI porque não queríamos contaminar as discussões do relatório final com as eleições", alegou o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). "Não há acordo sobre o prazo adequado para prorrogar a CPI. Só não queria correr o risco de a CPI não conseguir votar o relatório", observou Odair Cunha. "O importante é que a CPI foi prorrogada", afirmou o senador Pedro Taques (PDT-MT).
A estratégia dos governistas e de parte da oposição é prorrogar a CPI, mas sem a aprovação de novas quebras de sigilo bancário e fiscal de empresas que receberam ou enviaram recursos para Delta Construções. Ao todo, 29 empresas teriam feito movimentações vultosas com a empreiteira. Mas dessas, 17 não tiveram seus sigilos abertos pela CPI. Essas quebras poderiam apontar uma nova ramificação do esquema de Cachoeira para São Paulo e o Rio de Janeiro. As investigações até agora se limitaram a Goiás.