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A senadora Ana Amélia (PP-RS) considerou que os vetos de Dilma foram “fundos demais” e desvalorizaram uma negociação exaustiva entre ruralistas e ambientalistas em busca de um consenso no Congresso. Ao criticar o resgate da “escadinha”, trecho que aumentou a recomposição mínima das margens dos rios, a senadora ressaltou que a medida poderá estimular a tendência de ampliar a concentração das propriedades ou reparti-las em pequenos lotes. “O médio agricultor está desassistido em matéria de políticas públicas. Porque o grande tem capacidade de financiamento, mas o médio, aquele até 300 hectares, esse está sem pai nem mãe nesse processo”, disse Ana Amélia.
“Nem o Legislativo nem o Executivo conseguiram fazer uma boa lei para o meio ambiente, que evite novos desmatamentos e dê estabilidade ao produtor rural. A esperança é que o Judiciário arbitre a questão e analise o tema ambiental com um olhar atencioso”, cobrou Kenzo Jucá, analista de políticas públicas da WWF (World Wildlife Fund), que integra o Comitê Brasil. Segundo ele, durante as negociações entre governo e Congresso houve várias irregularidades no andamento da matéria e esses problemas serão levados ao STF.
Ministra afirma que tema é página virada
Brasília – A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, sinalizou ontem que considera o debate sobre o Código Florestal uma “página virada”. “É um momento de a gente virar a página. Não estou dizendo que outras guerras não serão iniciadas, mas isso é do processo democrático”, disse a ministra em Brasília. Para ela, os vetos foram feitos de forma “cirúrgica” e o texto final retoma algumas das ideias centrais do governo de proteger o pequeno produtor, que, segundo cálculos do ministério, representa 90% das propriedades no país.
“Vamos construir o equilíbrio entre não desmatar, não anistiar e reconhecer o direito do pequeno”, afirmou a ministra. Questionada sobre a decisão do governo de os vetos terem dado origem a um decreto o que evita um novo debate no Congresso, a ministra disse que a medida não fere nenhuma regra. O caminho escolhido pelo governo, no entanto, causou reações de integrantes da bancada ruralista no Congresso. “Se alguma pessoa entende que vai discutir na Justiça é legítimo da democracia. A Advocacia Geral da União vai defender a posição do governo. Não estou discutindo mais isso”, rebateu a ministra.
O texto final do Código Florestal estabelece algumas regras do para a implementação do Programa de Regularização Ambiental (PRA), que prevê entre outras coisas a criação do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Ele será gratuito e deverá ser preenchido por meio da internet. Segundo a ministra, o cadastro já vem sendo testado. No ato do registro, o proprietário deverá apresentar as coordenadas do imóvel. Automaticamente, o sistema vai identificar, por exemplo, se o imóvel tem ou não áreas de proteção permanente. Esse monitoramento será feito por meio de fotos via satélites. De acordo com a ministra, apenas neste ano deverão ser desembolsados cerca de R$ 30 milhões para a varredura dos imóveis via satélite.