O segundo turno das eleições traz disputas em 17 das 26 capitais do país e coloca na mesa os planos e estratégias dos principais partidos brasileiros. O PT quer vencer a chamada joia da coroa – São Paulo –, manter a hegemonia no Nordeste, freando o crescimento do PSB de Eduardo Campos, e virar a página do julgamento do mensalão. O PSDB luta para manter a capital paulistana, receoso de que a derrota custe o o governo em 2014. Mas crescer no Nordeste não foi ruim para a legenda, que planeja uma “despaulistização” do partido, solidificando a candidatura de Aécio Neves para a Presidência.
Não há como escapar do peso da disputa paulistana para redesenhar o mapa eleitoral. Não é à toa que ela movimentou as cúpulas partidárias de PT e PSDB. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “inventou” a candidatura de Fernando Haddad e conseguiu, com o auxílio da presidente Dilma Rousseff, levar um candidato que patinava em 3% das intenções de voto para o patamar de 49% a uma semana da eleição em segundo turno. Para Lula, eleger Haddad significaria ainda outra vitória. Ele poderia diminuir o desgosto de ver seus antigos aliados na máquina petista – José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares – condenados por corrupção no julgamento do mensalão.
O PSDB enfrenta um dilema na disputa paulistana. Com a possibilidade de vitória cada vez mais distante, José Serra pode estar se despedindo da vida política aos 70 anos. A escolha de um candidato com índices estratosféricos de rejeição expôs um partido que ainda se mantinha refém de velhas lideranças. Perder a capital tornará mais frágil a situação do governador Geraldo Alckmin em 2014.
Mas, diante de um quadro difuso da política brasileira, nem toda vitória é completa, assim como nem toda derrota pode ser considerada definitiva. A proximidade de um possível réquiem de Serra já fez com que Aécio Neves se reunisse com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para inverter o eixo de poder no partido. O PSDB foi bem em Pernambuco, lidera a disputa em Teresina (PI), em Manaus (AM) e está no segundo turno em João Pessoa (PB) e em Vitória (ES).
O PT, contudo, virou o jogo no Nordeste. Há duas semanas, os prognósticos eram pessimistas. A uma semana do segundo turno, o partido disputa palmo a palmo a eleição em Fortaleza, em Salvador e lidera com folga em João Pessoa. Mas afundou junto com o clã Sarney em São Luís.
O resultado foi importante para diminuir o entusiasmo do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ele elegeu o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, candidato tão “inventado” por ele quanto Haddad por Lula. O PSB também está no segundo turno em Fortaleza e venceu no primeiro turno em BH. A maior derrota foi a tentativa de reeleição de Luciano Ducci em Curitiba. “Um candidato ruim”, avaliou um dirigente pessebista.
Nas análises palacianas, contudo, Campos tem mérito completo somente na eleição de Geraldo Júlio. Nos demais resultados, a paternidade é questionável. “Existe o PSB do Eduardo, o PSB de Ciro e Cid Gomes (Fortaleza) e o PSB sublegenda do PSDB (Curitiba e Belo Horizonte)”, definiu, maldosamente, um aliado da presidente Dilma.
UMA ESCALA OBRIGATÓRIA PARA 2014