Na última semana da campanha pela Prefeitura de São Paulo, o candidato do PT, Fernando Haddad, intensificará ações com a classe média, enquanto José Serra (PSDB) tentará se aproximar do eleitor menos escolarizado e de mais baixa renda, concentrado na periferia.
Os candidatos também calibrarão os ataques na reta final. A coordenação da campanha do PT decidiu retirar da grade comerciais mais críticos ao tucano. O objetivo é aumentar as inserções com propostas a fim de neutralizar o discurso do PSDB, segundo o qual Haddad não teria ideias para a cidade. Os tucanos pretendem tratar com mais moderação a exploração do mensalão, que sustenta o debate sobre ética, um dos carros chefes da campanha. Temem que o contra-ataque prometido pelos petistas - citando casos como o mensalão mineiro e o escândalo de corrupção envolvendo o ex-diretor de licenciamentos da Prefeitura de Gilberto Kassab (PSD), aliado de Serra - provoque batalha ética que leve a descrédito da classe política. Em cenário de redução de mobilização do eleitor, as abstenções e votos nulos crescem, o que beneficiaria o petista.
Serra perdeu cinco pontos na última semana, e integrantes da campanha creditam a queda ao tom mais agressivo no rádio e na TV e a abordagem do "kit gay" feita por Silas Malafaia, líder evangélico que apoia o tucano.
Serra cumprirá agenda em bairros dos extremos leste e sul, onde serão promovidas caminhadas e bandeiraços. Haddad lidera as pesquisas com folga nas franjas da cidade. Na ponta da zona leste, o petista vence por 61% a 17%, e no extremo sul, por 55% a 26%, segundo o Datafolha.
O candidato do PT terá agenda voltada para a classe média, na qual constam encontros com esportistas, advogados e artistas. Na zona oeste, onde está o eleitor mais rico da cidade, Serra lidera com 48% das intenções de voto contra 37% do petista.
Na segunda-feira, o vice-presidente Michel Temer e o candidato derrotado do PMDB, Gabriel Chalita, promovem ato pró-Haddad no Clube Espéria. Antes, haverá uma reunião com esportistas, com a participação do ministro Aldo Rebelo (Esporte).
Mais encontros
Na terça, o PT organiza um ato temático sobre saúde, com o ministro Alexandre Padilha. A campanha também fará encontro na quinta com apoiadores da área da cultura e educação, do qual participam o neurocientista Miguel Nicolelis e o filósofo Mario Sergio Cortella. Na quarta, Haddad recebe o apoio de personalidades da área jurídica.
O PT também realiza ato com pastores, com a entrega de manifesto pró-Haddad, que falará que o candidato respeita a diversidade religiosa, defende o Estado laico e não instrumentaliza a religião para fins eleitorais, apesar de o evento ser de campanha.
Serra, por sua vez, insistirá na reação ao discurso do PT de que Haddad seria o candidato dos pobres. O tucano empunhará a bandeira de um governo "para todos", contra a suposta divisão da cidade entre ricos e pobres. Na TV, a campanha mostrará obras e serviços que beneficiaram a população mais pobre na atual gestão defendida pelo tucano.
O objetivo da equipe do PSDB é conquistar dois segmentos do eleitorado até o próximo domingo: um grupo que rejeita o PT, independentemente de seu candidato, e outro que votaria em Serra por seu currículo.
As mensagens críticas abordarão a "capacidade administrativa". A campanha falará que ele não tem gabarito para comandar a cidade. Com ironia, dirá que o petista, vendido como o "novo", teria capacidade administrativa comparável a de um estagiário. Os tucanos também pretendem exibir novo depoimento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para consolidar e ampliar o voto do eleitor simpático ao "modo tucano de governar".