O julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi o "ponto alto" do debate promovido pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) e o UOL entre os candidatos que disputam o segundo turno à Prefeitura de São Paulo. Numa pergunta do petista Fernando Haddad sobre o combate à corrupção na gestão pública, o tucano José Serra viu a deixa que precisava para interpelar seu oponente sobre ética. "Não podemos deixar de mencionar o mensalão. Isso não é suspeita não, é condenação (no STF)", comentou o candidato do PSDB, que seguiu no ataque: "Vai querer repetir o mensalão aqui?", provocou.
Ao insistir no julgamento do mensalão, Serra disse que o maior escândalo do governo Lula envolve o PT e seu método de trabalho. Segundo o tucano, Haddad "está envolvido com o partido que fez o mensalão". Quando respondeu a uma pergunta sobre saúde, o petista explorou a renúncia de Serra no governo municipal (2006) e voltou à questão das denúncias de corrupção na gestão de Kassab. "No governo federal, se apura. Aqui, é para baixo do tapete", rebateu o petista.
Haddad também procurou colocar em seu adversário a pecha de que não se importa com a população mais carente. Ao falar sobre segurança pública, o petista citou os elevados números da violência na cidade e o "extermínio na periferia". Mais adiante, Serra perguntou sobre propostas para a área de cultura e solicitou que Haddad não viesse com questões sociais. "Sei que você não liga para a questão social. É do seu perfil", alfinetou o petista. Já Serra disse que investiu no social e citou seus feitos na área de habitação. "Ganhamos prêmios internacionais nesta matéria", afirmou.
Ao responder a Serra sobre como pretendia investir na recuperação de dependentes de drogas, Haddad aproveitou para mencionar a operação dos governos estadual e municipal na Cracolândia, a qual chamou a ação de "desastrosa" por criar "dezenas de cracolândias" pela cidade. Serra reagiu e disse que o governo federal "não fez praticamente nada" sobre o tema e Haddad aproveitou para comentar uma entrevista recente do tucano onde ele defendeu o monitoramente de menores com propensão ao crime e ao uso de drogas. "Onde você estava com a cabeça quando propôs isso?", questionou o petista. "Vai fazer isso em escola particular? É para rico ou para pobre?", disse em tom de ironia. Serra defendeu o atendimento nas escolas para quem praticar violência e disse que a colocação de Haddad era "uma infâmia".
Haddad também confrontou seu adversário sobre programas antienchentes na cidade e, citando dados do governo estadual, disse que Serra não limpou a calha do Rio Tietê quando foi governador (2006-2010), o que teria provocado inundações no Jardim Pantanal, na zona leste. "Isso é um documento oficial do governador Geraldo Alckmin (PSDB), a não ser que ele faça parte da rede petista", afirmou Haddad. O tucano disse que há dois anos não há vítimas de enchentes na cidade devido a instalação de um parque linear na várzea do Tietê e de projetos de despoluição de córregos. No final do encontro, Haddad se colocou como o "candidato da mudança", que fez uma campanha propositiva e com metas em seu plano de governo. Já Serra destacou suas realizações e sua "ficha limpa". "Não vou governar para patotas, partidos, não vai ter desempregado do mensalão", emendou.