Todos os 200 funcionários comissionados da Prefeitura de Divinópolis , no Centro-Oeste, serão exonerados até 1º de novembro, sendo que 30% ficarão desempregados, enquanto o restante será reconduzido aos cargos de origem, com salário reduzido. A medida, divulgada ontem pelo prefeito reeleito de uma das principais cidades mineiras, Vladimir Azevedo (PSDB), não é isolada no estado. Pelo menos um terço dos municípios estão tendo de se adequar para fechar as contas, segundo informou ontem o presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM), Ângelo Roncalli (PR), prefeito de São Gonçalo do Pará, também no Centro-Oeste. Além de demitir funcionários, outras medidas visando a redução de gastos estão sendo tomadas.
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Dívidas serão herança em 1,4 mil prefeituras do paísMaioria dos senadores que disputou prefeituras saiu derrotadaMP faz pente-fino nas prefeituras para garantir transparência nas prestação de contasPartidos sem cadeira cativa em prefeituras mineirasDecisão do TSE sobre candidato impugnado pode provocar nova eleição em município de MinasSegundo Roncalli, algumas prefeituras estão mantendo apenas os serviços essenciais de lixo, transporte escolar e saúde. “Deixando de fazer outros serviços como de manutenção e iniciação de obras.” A orientação da AMM é: cumprir à risca a Lei de Responsabilidade Fiscal, ou seja, não iniciar ações sem recursos em caixa e não gastar mais de 54% da receita com a folha de pagamento. Em caso de descumprimento, o gestor pode ser processado criminalmente e até mesmo perder o mandato.
A queda na arrecadação do FPM seria o principal motivo de as prefeituras estarem no vermelho. Segundo levantamento da entidade mineira, os municípios deixaram de arrecadar este ano R$ 1,27 bilhão do valor previsto. Divinópolis, por exemplo, deixou de arrecadar cerca de R$ 5 milhões. “Enquanto a arrecadação foi reduzida, o salário mínimo dos servidores subiu muito acima da inflação e houve também aumento do piso do magistério. Nós estamos cobrando do governo federal que faça uma reposição aos municípios”, observou Roncalli.
ECONOMIA Em Divinópolis, a expectativa é de que, com as medidas adotadas, sejam economizados pelo menos R$ 12 milhões até dezembro. Desde o fim da semana passada, o assunto que mais se ouve falar nos corredores da Prefeitura de Divinópolis é a contenção de gastos. No dia 22, foi publicado no Diário Oficial o Decreto 10.851, com cerca de 20 medidas voltadas para aliviar os cofres públicos. Foram determinados, por exemplo, o corte de gratificações e horas extras, além da redução de gastos com telefonia, combustível, equipamentos operacionais e de informática, e a limitação de gastos com diárias em apenas 20% do valor utilizado atualmente. Obras públicas, feitas exclusivamente com recursos municipais, serão paralisadas em 90%.
Segundo o procurador-geral do Município, Kelsen Rios, designado pelo prefeito Vladimir para anunciar as medidas, apesar de toda essa redução, a despesa continuou maior que a receita e por isso será necessária a exoneração dos servidores. Ele informa que até dezembro uma equipe mínima de transição será mantida. “Vamos manter a área da saúde, educação, serviço de luto e limpeza pública normais, mas é claro que esses cortes influenciarão muito no funcionamento da administração. Todos os servidores comissionados vão ser exonerados, e em seguida será feita a nomeação de uma equipe mínima. Apenas uma média de 30 funcionários serão nomeados”, explica. Em janeiro, uma nova reunião será realizada na cidade e uma nova equipe tomará posse. Até lá, a prefeitura funcionará “a passos de tartaruga”. Apesar disso, Rios garante que a população não sofrerá os efeitos da medida. “Essa decisão poderá ser revista naqueles pontos em que a população possa se sentir prejudicada”, ressalta.