Brasília – Em desvantagem na disputa pela Prefeitura de Manaus, a candidata do PCdoB, senadora Vanessa Grazziotin, está investindo no eleitorado evangélico, que representa, de acordo com o Censo 2010, 35,5% da população da capital amazonense. Do último sábado até a noite de anteontem, a Assembleia de Deus fez nove reuniões para pedir votos em Vanessa, reunindo de 700 a mil fiéis cada uma, de acordo com o presidente da igreja no estado, pastor Jonatas Câmara. As pesquisas indicam que o candidato do PSDB, o ex-senador Arthur Virgílio, tem mais de 60% das intenções de votos.
Mirando o público evangélico, a campanha da senadora está distribuindo panfleto no qual a candidata é apresentada como “casada há 29 anos com Eron Bezerra”. No material de propaganda, Vanessa, “em nome da verdade”, reafirma crer “em Deus como bem maior do Universo”.
No mesmo documento, a comunista diz ser pessoalmente contra o aborto, apesar de defender a legislação atual, que permite a interrupção da gravidez em casos de risco para a mãe, estupro ou feto com anencefalia (sem cérebro). Ela também se compromete, no panfleto, a votar contra quaisquer projetos de lei “que visem promover afrontas à família”.
E, em uma guinada, a senadora, que já defendeu a urgência para o projeto de lei, em tramitação no Senado, que criminaliza a homofobia, se compromete a votar a favor somente dos artigos que “não violem a liberdade da família, crença, fé pessoal, grupos sociais, culto, expressão”.
Ela já abordou o assunto na propaganda eleitoral na TV, dizendo que mudou de opinião sobre o projeto de criminalização da homofobia depois de conversar com o senador Magno Malta (PR-ES), que é uma liderança evangélica: “Eu imaginava que o projeto era para punir intolerantes. Conversei com o senador Magno Malta e descobri que ele promove a discriminação, principalmente contra os evangélicos”.
Na reunião de Vanessa com a Assembleia de Deus na noite de anteontem também foi distribuído um panfleto apócrifo com ataques ao adversário Arthur Virgílio. O folheto explora declaração do tucano, publicada em um jornal local, que ele derrotaria a Assembleia de Deus. O candidato do PSDB diz que sua declaração foi distorcida e que sua afirmação foi que derrotaria Vanessa na Assembleia de Deus.
A senadora diz não ver contradição entre o fato de ser integrante do Partido Comunista do Brasil e fazer uma campanha tão atrelada à religião: “No meu partido ninguém é obrigado a fazer nada. A fé de cada um é de cada um. No meu partido há vários evangélicos. Eu sou católica”.
UMA GUINADA CONSERVADORA