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Estado de Minas

Resultados das eleições terão reflexo em 2014

Eleitores de 50 cidades voltam às urnas e a votação influenciará daqui a dois anos


postado em 28/10/2012 06:00 / atualizado em 28/10/2012 11:13

Brasília – Quando as urnas do segundo turno das eleições municipais de 2012 forem fechadas hoje à tarde e os 31,4 milhões de votos começarem a ser contabilizados, estará aberta oficialmente a corrida para os governos estaduais e a Presidência da República em 2014. A maior cidade do país, São Paulo, está sendo disputada palmo a palmo por PT e PSDB , que devem novamente protagonizar a batalha pelo Palácio do Planalto. Já o PMDB elegeu o maior número de prefeitos em primeiro turno (1.016), com destaque para a expressiva vitória de Eduardo Paes no Rio, e carimbou, por tabela, a presença na chapa presidencial ao lado de Dilma Rousseff em 2014.

Disputam ainda diretamente o protagonismo político pelos próximos dois anos uma legenda média que cresce a olhos vistos, o PSB, e uma legenda recém-criada sob as bênçãos do Palácio do Planalto, o PSD. Esta tornou-se a quarta maior em número de prefeituras no primeiro turno: 493. O partido presidido por Eduardo Campos, o PSB, cresceu 124% em quatro anos e está cada vez mais difícil visualizar um cenário nacional sem a presença do governante pernambucano, que já se tornou alvo até mesmo da imprensa internacional. E o PSD deve ser incorporado à Esplanada em 2013.

Mas ainda existe a rodada de hoje de votações, que podem alterar o cenário acima exposto. Se confirmar a vitória que se desenha nas recentes pesquisas de intenção de voto, o petista Fernando Haddad, ex-ministro da Educação e cria política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passa a administrar um orçamento de R$ 39 bilhões em 2013, e instala-se em uma trincheira suficientemente estratégica para fustigar o tucanato paulista e tentar consolidar a reeleição de Dilma Rousseff daqui a dois anos.

O PT tem chances de conquistar seu objetivo. Além de eleger Haddad para comandar a cidade, o partido está no segundo turno em Campinas, Diadema, Guarulhos e Santo André, o que envolve 11,1 milhões de eleitores e um montante em caixa (dados do IBGE de 2011) de R$ 39,96 bilhões. É o chamado cinturão vermelho do PT, suficiente para sufocar o PSDB de São Paulo, que governa o estado desde 1994 e comanda um orçamento de R$ 157 bilhões.

O PSDB ainda tem esperanças de manter o grupo político que comanda a atual capital paulistana. Conta com as expectativas da direção nacional e do virtual candidato tucano à Presidência em 2014, Aécio Neves — que já fez a sua parte direta, ajudando a reeleger Marcio Lacerda (PSB) para mais quatro anos à frente da Prefeitura de Belo Horizonte, com R$ 68,1 bilhões de orçamento. Além de São Paulo o PSDB no estado disputa ainda o segundo turno em Ribeirão Preto (419 mil eleitores e R$ 1,5 bilhão em orçamento); Jundiaí (257 mil eleitores e R$ 1,2 bilhão em orçamento) e Guarulhos (825 mil eleitores e R$ 2,5 bilhões em caixa). A soma, só em São Paulo, dá R$ 37,3 bilhões e 10,1 milhões de eleitores.

No primeiro turno das eleições municipais, o PT conquistou 626 prefeituras, totalizando 17,1 milhões de eleitores. Foi o partido que mais conseguiu votos no país. No segundo turno, os petistas ainda estão na disputa em 22 das 50 cidades que descobrem hoje os novos prefeitos a partir de janeiro de 2013. O PSDB elegeu 692, conseguindo 13,9 milhões de votos. Terá uma nova chance em 17 municípios. Entre eles aparece o PMDB, que obteve 16,7 milhões de votos no primeiro turno mas foi o que mais elegeu prefeitos: 1.016. As vitórias mais expressivas do partido ocorreram primeiro turno e na segunda-feira subsequente. Eduardo Paes foi reeleito para a Prefeitura do Rio com 64,60% dos votos válidos e pouco mais de dois milhões de votos. Percentualmente, não foi o que mais recebeu votos, mas em números absolutos ninguém no primeiro turno foi votado por tantos eleitores. E administrará a cidade, que tem hoje um orçamento de R$ 71,8 bilhões, até 2016, quando o Rio será a sede das Olimpíadas.

PARCERIA Embalado pela vitória inequívoca no segundo maior colégio eleitoral do país e com a aliança entre Gabriel Chalita (PMDB) e Haddad em São Paulo selada, veio a segunda vitória peemedebista na mesma semana: Dilma chamou o vice-presidente Michel Temer em seu gabinete e reafirmou a aliança presidencial para 2014, calando as pretensões do PSB, de Eduardo Campos. O partido ainda disputa o segundo turno em 16 cidades, mas apenas três são capitais. Até 2014, contudo, existem dois anos e um longo caminho a ser percorrido. A presidente deve promover mudanças em seu ministério no início do ano que vem. É praticamente certa a entrada do PSD, de Gilberto Kassab, partido que elegeu muitos prefeitos e tornou-se a principal linha auxiliar para o PSB. Apesar da ligação inequívoca com José Serra em São Paulo, o partido sempre votou com o governo no plano federal. Mas, exatamente por isso, não será Kassab a integrar o governo Dilma.

Outras pressões devem ocorrer. O PMDB sempre reclama que está subrepresentado na Esplanada, mas a promoção de Gabriel Chalita para o primeiro escalão depende, hoje, da saída de algum nome do partido de uma das cinco pastas comandadas pela legenda. Já o PSB, que também cresceu, tende a seguir um caminho mais independente e dificilmente terá aumentada sua representação na Esplanada — hoje o partido comanda dois ministérios.

Peças-chave nas capitais


São Paulo – O último dia da campanha para o comando da cidade mais rica do país foi marcado por encontro com eleitores e um clima mais ameno entre Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB). O candidato petista à Prefeitura de São Paulo participou de carreata na Zona Sul da capital, ao lado do Autódromo de Interlagos. Haddad avaliou que o julgamento do mensalão não atrapalhou sua candidatura porque os eleitores estão de olho no que o município precisa. “A cidade estava preocupada com o próprio futuro. Está precisando se recuperar”, comentou.

O candidato do PSDB à prefeitura, José Serra, encerrou sua campanha com passeata também na Zona Sul de São Paulo. Ao lado de militantes e apoiadores, cumprimentou moradores na Vila Joaniza, onde participou de evento do partido. Na madrugada, após participar de debate na TV, Serra se reuniu com a equipe de campanha para beber chope na Vila Madalena. Com orçamento para 2013 superior a R$ 40 bilhões, o prefeito eleito hoje terá a missão de administrar a maior e mais rica cidade do Brasil.

Terceira capital mais populosa do país, Salvador (BA) definirá hoje não só o nome de seu novo prefeito — ACM Neto (DEM) ou Nelson Pelegrino (PT) —, mas também o futuro do partido que um dia foi a maior força política do país. Sucessor da Arena, o DEM viu se repetir no primeiro turno deste ano a perda de poder que o aflige desde que ingressou na oposição, em 2002, ainda sob a sigla PFL. Mas, se na eleição de domingo conquistar a capital baiana, poderá minimizar significativamente esse impacto, passando a comandar mais de 1,9 milhão de eleitores, num aumento de 40% em relação ao que obteve no primeiro turno. ACM Neto terminou o primeiro turno com apenas meio ponto percentual de votos a mais do que Pelegrino. Independentemente do resultado, ACM Neto é o único caso de relevante sucesso do processo de renovação que o antigo PFL tentou promover em seus quadros em março de 2007, quando mudou de nome.

O candidato a prefeito de Manaus (AM) Arthur Virgílio (PSDB) encerrou sua campanha ontem fazendo uma caminhada no Centro da cidade, ao lado de camelôs. O categoria é simbólica para Virgílio, que reprimiu os vendedores ambulantes quando foi prefeito da cidade (1988–1992). Nesta campanha, ele passou a cortejá-los e buscou uma reaproximação. Vanessa Grazziotin também escolheu o Centro da cidade para encerrar a campanha, mas evitou cruzar o grupo de Virgílio. Ainda assim, cabos eleitorais de ambos os lados chegaram a se encontrar e trocar insultos. Segundo a Polícia Militar, as duas caminhadas reuniram cerca de 2 mil pessoas.

O empate apontado pelas pesquisas de intenção de votos entre os candidatos do PT e do PSB que disputam a Prefeitura de Fortaleza (CE) é o retrato da divisão que a cidade vive desde o rompimento da aliança entre os dois partidos, no primeiro semestre, e uma prévia do que poderá ocorrer em 2014. Depois de uma parceria de quase oito anos, PT e PSB trocam acusações de uso da máquina pública, falta de ação e mandonismo. Em meio a ofensas, a única unanimidade inatacável é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Numa das disputas mais acirradas do segundo turno, Elmano de Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PSB), dois desconhecidos da maioria da população que disputam pela primeira vez um cargo executivo, chegaram ao fim da campanha com iguais condições de assumir a prefeitura.


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