O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso insistiu neste domingo na necessidade de renovação dentro do PSDB e de o partido voltar a se afinar com o sentimento da população. "A renovação é necessária sempre e o Brasil está mostrando isso mais uma vez hoje", afirmou o ex-presidente, ao votar no Colégio Nossa Senhora de Sion, na zona oeste da capital paulista, por volta das 12h30.
Questionado por uma eleitora sobre por que não participou mais ativamente na campanha de Serra, Fernando Henrique respondeu que fez tudo que o partido lhe pediu. Ele disse que não acha que o PSDB errou ao escolher Serra ao invés de um novo nome para disputar a Prefeitura da capital paulista neste ano. "Não é erro de campanha que decide a vitória ou a derrota. Como eu disse, é preciso sintonizar com a população. Nem sempre o novo é bom, é preciso ter capacidade para realizar", afirmou.
Mensalão
Em relação ao julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Fernando Henrique acredita que o caso não provocou grande impacto nas eleições municipais. Segundo ele, o mensalão não se traduz apenas eleitoralmente, "é uma coisa que diz respeito à conduta das pessoas". "O PT não pode passar impune pelo mensalão, fingir que nada aconteceu. O mensalão aconteceu e envolveu o comando do partido, então é preciso pensar: Eu vou contra tudo o que eu defendi a vida inteira ou vou enfrentar essa questão? Será que eu devo tratar como herói quem foi condenado?", questionou. O ex-presidente afirmou que não torce pela condenação dos envolvidos, mas espera que a decisão da Corte de punir os políticos acusados impeça que casos semelhantes voltem a acontecer.
Ao fazer uma análise da eleição, o ex-presidente disse que o PSDB se saiu melhor do que em 2008, conquistando mais capitais e sendo o segundo partido a eleger o maior número de vereadores, atrás apenas do PMDB.
Questionado sobre a aproximação do tucano Aécio Neves com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), no segundo turno das eleições municipais, Fernando Henrique disse ver uma possível aliança entre os dois com naturalidade. "Se houver uma aliança em 2014 eu acharei ótimo. Se o Eduardo Campos escolher pela oposição há duas hipóteses: ele nos apoiar ou sair com uma chapa separada", disse. "Eu acho mais razoável que o PSDB lidere a chapa, porque o partido é maior e mais consolidado."