Condenados por formação de quadrilha e corrupção ativa no processo do mensalão, José Dirceu e José Genoino apresentaram nesse domingo à cidade uma nova característica em comum: para votar, eles se fizeram acompanhar de uma militância convocada para impedir a qualquer custo manifestações de repúdio a ambos e, de quebra, afastar os jornalistas dos dois.
Genoino votou em um colégio no Butantã pouco depois das 16h. Vestido com uma camisa vermelha, levantou os braços em sinal de vitória e, em seguida, foi envolvido por um grupo de militantes que atacou os repórteres a socos, pontapés e empurrões. Na confusão, empurraram eleitores, repórteres, cadeiras e mesas. Uma mulher idosa, de bengala, foi derrubada e ali ficou sem que ninguém lhe prestasse socorro.
Como no 1.º turno, Dirceu não falou com os jornalistas. “Vou falar depois do julgamento, só vim votar”, disse o ex-ministro, referindo-se à Ação Penal 470, que chegou à sua etapa derradeira - os ministros do Supremo Tribunal Federal deverão fixar a pena para ele e para Genoino em novembro.
A chegada do ex-ministro fez ferver a Rua Ibirarema, que quase se transformou no palco de um entrevero, ante a inércia de dois policiais militares. De um lado, um grupo menor recepcionou Dirceu a seu modo. “Pega ladrão! Mensaleiro quadrilheiro!”
A reação foi imediata. Um contingente ruidoso e truculento, em número bem maior que o antagonista, entrou em cena. Eram os “amigos do Zé”, como se identificaram os militantes vestidos com camisetas vermelha, umas com a estrela do PT e muitas com a foto do ex-ministro estampada e os dizeres: “Dirceu, estamos com você”.
Dirceu partiu às 15h45. Mais tarde, na quadra do sindicato dos bancários, com Genoino e dirigentes da CUT, ele acompanhou a apuração.
Do outro lado da cidade, seu colega de banco dos réus do mensalão, Genoino, chegou para votar e também foi blindado por uma turma arredia. Eles hostilizaram a imprensa com a mesma frase que o ex-deputado dedicou aos jornalistas no 1.º turno: “Vocês são uns urubus”.
Genoino estava envolto em uma bandeira do Brasil, que lhe foi dada por um militante. Cerca de uma hora antes de o ex-presidente do PT votar, seus aliados e correligionários do PSDB entraram em conflito em frente ao colégio. “Vamos enterrar o Serra”, provocaram os petistas. “A quadrilha chegou”, devolveram os tucanos.