O governador Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, reiterou nesta segunda-feira, em entrevista coletiva, concedida para avaliar o resultado do segundo turno das eleições, a sua fidelidade à presidente Dilma e o seu bom relacionamento com o ex-presidente Lula.
"Já tem muita gente querendo criar problemas para a presidente Dilma", afirmou. "Nós queremos criar soluções, ajudar a tocar a pauta que interessa à população neste momento".
Para ele, a lição que fica dessa eleição é: "passada a eleição, o importante é cuidar do que interessa ao povo". "Quem fica entre uma eleição e outra só cuidando do que não interessa ao povo, quando chega a eleição não tem o que dizer e normalmente tem resultados frustrantes", observou.
Depois de aumentar de 310 para 443 o número de prefeituras sob o comando do seu partido e de conquistar cinco capitais brasileiras, a estratégia do PSB, agora, será olhar para o futuro, dar conta da responsabilidade recebida e aprender tanto onde ganhou como onde perdeu.
Onde ganhou, vai buscar imprimir uma gestão que atenda à população - o partido se prepara para fazer seminários sobre gestão pública com os prefeitos eleitos. Onde perdeu, de acordo com Eduardo, o PSB tem a responsabilidade de colaborar com os que ganharam. "Ter maturidade para não fazer a velha política de ficar torcendo contra, procurando atrapalhar", observou. "Isso não cabe mais e quem fez este tipo de aposta terminou se dando mal".
Ele não quis fazer comentários sobre os resultados negativos da sigla, a exemplo de João Pessoa (PB) e Curitiba (PR), onde perdeu a reeleição. "Hoje é dia de celebrar", observou ao dizer que o PSB conseguiu reeleição em 72% dos municípios que governa.
Telefonema
Pouco depois do início da coletiva, o governador recebeu telefonema da presidente Dilma. Retirou-se e voltou 15 minutos depois dizendo que haviam tratado de questões administrativas e que ele deverá se encontrar com a presidente, em Brasília, provavelmente na próxima semana.
Sobre as cobranças e críticas feitas por ele nos últimos dias quanto à demora da ação do governo federal em relação à pior seca dos últimos 30 anos que assola o Nordeste e à sua indignação em relação ao tempo que durou o apagão da semana passada em todo o Nordeste e parte do Norte - ele botou panos mornos e garantiu que não houve crítica, apenas estava fazendo sua parte como governador. Da mesma forma, sua pressão pela discussão de um novo pacto federativo, que desafogue Estados e municípios, é uma bandeira que, segundo ele, defende há muito tempo.
Quanto aos seguidos comentários sobre a dificuldade que teria passado a existir entre ele e o ex-presidente Lula, Eduardo disse que "uma relação de tantos anos, que passou por momentos tão duros e bonitos da vida política brasileira nos últimos 20 anos não vai ficar ao sabor do disse me disse e de quem se interessa por esse tipo de coisa, de separar as pessoas, de tentar intrigar as pessoas".