O prefeito eleito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), usará a aliança com o PT no governo federal para tentar atrair o partido para sua base de sustentação na cidade. Nesta segunda-feira, ele afirmou que a disputa do PSB com o PT, no terceiro maior colégio eleitoral de São Paulo, terminou com o fim do segundo turno das eleições e que na próxima semana reassume o cargo de deputado federal, em Brasília, até a posse, onde buscará o apoio da presidente Dilma Rousseff.
"Para mim a disputa terminou ontem com os votos apurados. Agora vamos em busca da governabilidade para Campinas. Nós teremos um bom relacionamento com o governo Dilma", disse Jonas, que passou o dia dando entrevistas. "Até porque, durante a campanha, mantive um alto grau de respeito com ela."
"Conversei com o presidente do partido (Campos) e mais uma vez ele se comprometeu em colocar a força do partido para nos ajudar a trazer condições necessárias no nível federal para fazermos um grande governo", afirmou Jonas. Eduardo Campos quer transformar a prefeitura da cidade em "vitrine do modo PSB de governar" no Estado.
Mais do que um grande orçamento (R$ 3,2 bilhões) e um número expressivo de eleitores (785 mil), Campinas virou cidade estratégica para os partidos por suas eleições terem servido como prévia de um possível enfrentamento PSB-PSDB contra o PT.
"Espero que o PT faça oposição crítica naquilo que tiver que apontar, mas que seja uma oposição construtiva. Naquilo que a gente apresentar para o bem da cidade, que eles não joguem contra a cidade", afirmou Jonas, que já começa o governo com pelo menos 20 dos 33 vereadores como base de apoio na Câmara Municipal.
Para ter os petistas como "boa oposição" na cidade, Jonas conta com três fatores: o apoio de aliados do PT no Congresso, que segundo ele já mandaram mensagens nesta segunda-feira, a reaproximação sem traumas de Eduardo Campos e Lula, após o fim das disputas municipais, e a boa relação entre as legendas no governo do prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad.
O maior problema para essa parceria é a presença do PSDB na prefeitura. O partido tem o vice-prefeito eleito, Henrique Magalhães Teixeira, e foi o maior aliado pelas mãos do governador paulista, Geraldo Alckmin, e do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Parceria e suspeita
Ao mesmo tempo que falou que vai encampar uma proposta feita pelo adversário do PT em seu programa de governo, Jonas anunciou que vai reduzir em até 30% o número de radares em Campinas e investigar o contrato com a atual empresa, que segundo foi divulgado em campanha, foi uma herança dos petistas na prefeitura.
"Quero cumprir o que falei durante a campanha. Acho que há um abuso na indústria de multa na cidade. Compreendo que o radar tem que existir no trânsito, mas não da forma extorsiva que está sendo. Pretendo levantar esses dados oficiais, saber de onde vem essas multas. Acho o radar escondido uma pegadinha para usurpar o bolso do contribuinte", afirmou Jonas, como uma de suas primeiras medidas de governo. "Quero saber da empresa que está operando, sobre qual base jurídica. Porque ela já teve problemas em outras cidades do Brasil."
O prefeito eleito do PSB afirmou também que com a ajuda do PT espera trazer para a cidade a universidade federal, prometida em campanha por Pochmann. "Vou fazer uma emenda para a Lei de Diretrizes Orçamentárias para poder ter a verba para fazer a universidade federal aqui para Campinas e espero poder contar com o apoio do PT para termos esse benefício que eles colocaram como proposta para cidade", afirmou Jonas.