Seja por não ter comparecido às sessões eleitorais ou por ter votado branco ou nulo, cerca de 30% do eleitorado brasileiro não participou da escolha dos 50 prefeitos eleitos em segundo turno. Para cientistas políticos, a alta taxa de abstenção e de votos considerados inválidos é resultado de um conjunto de fatores, que inclui desilusão política, falta de renovação de lideranças e até a crença absoluta na vitória ou na derrota de seu candidato. Apesar de divergir sobre a manutenção do voto obrigatório, eles apontam a necessidade de uma reforma política.
Para Fonseca, é hora de uma reforma política. Nas redes sociais, muitos eleitores defenderam, no domingo, o voto facultativo. O professor é contra. “A obrigatoriedade ainda é importante, porque tira uma camada importante da passividade política. Caso contrário, correríamos o risco de ter uma eleição elitizada”, avalia Fonseca. Opinião contrária à do professor emérito da Universidade Federal de Brasília (UnB), David Fleischer. “O brasileiro já está muito mais informado. Algumas pesquisas mostram que o pobre não deixaria de votar, porque tem noção de que é uma arma para lutar por melhorias.”
Fleischer explica a alta abstenção pela ideia de “já ganhou” ou “já perdeu”. “Em muitas cidades, como São Paulo, as pesquisas eleitorais mostravam vitórias com folga. Então, muitos eleitores não viram necessidade de seu voto. Em outras, como Fortaleza, a disputa acirrada favoreceu o comparecimento”, diz. A Comissão de Reforma Política do Senado, por ora, defende o voto obrigatório, temendo alta abstenção nas urnas.